23.12.06
/diégèse/
14.12.06
Sionismo de massa
9.12.06
4.12.06
Cerradas (V)
Nosso herói geralmente lá chega do trabalho às 19 horas ("é um sossego, não tem trânsito nenhum etc."). Neste verão, como está chovendo pouco em Rondonópolis, Diego acostumou-se a levar seu laptop para a sacada, onde aproveita para repassar as planilhas do dia, bebe sua cervejinha e fuma o único cigarro do dia, contemplando algumas vezes, com ar sonhador, o aumento geral da noite.
Seu flat tem uma bonita vista para sudeste, rumo a rumo com a cobiçada reserva florestal dos Tadarimana.
Logo abaixo do seu campo de visão, ao pé do prédio, está a entrada do mais exclusivo condomínio fechado da cidade. A guarita de segurança está anexa a um prédio envidraçado e condicionado de dois pisos. No térreo, uma galeria de arte com pinturas de naturezas-mortas e abstracionismos vários, com etiquetas e preços. No piso superior, uma bem equipada academia de ginástica. Encimando tudo, sobre as estátuas em iluminação indireta de Hermes e Ceres, o letreiro "Village Lombardia".
Mais além, sobrados, lotes vagos, a rodovia federal, o zunzo surdo dos caminhões. A reserva, escura. O infinito da direção sudestã - até que a primeira estrela sobe.
Mas já está na hora do The OC.
10.11.06
Cerradas (IV)
Enquanto observa a fumaça negra evolar-se rapidamente das barricadas, Diego bebe um cinnamon capuccino (grátis na máquina do corredor). Tirando os sapatos (é horário de almoço, sozinho) suspira cansado.
As intempéries do mercado de alimentação de suínos, ainda bem, não parecem ter afetado a prosperidade profissional do nosso herói. Ao contrário, a gerência regional de carbon credits trade é um cargo prestigiado em tempos de incertezas.
Enquanto os agricultores (sic) protestam e depredam, hostilizando malhando massacrando um boneco fatiotado e vagamente barbudo, Diego pensa em Rejane.
Rejane é sua amante mais ou menos regular, bastante morena e ligeiramente prognata, que conheceu numa noite de bebedeira no forró. Diego só acordou algumas horas depois, no motel, e teve um sobressalto: a moça era, em verdade vos digo, bastante feia.
7.11.06
Confissão
5.11.06
2.11.06
Cerradas (III)
Diego tem apenas um irmão. Daniel chegou a se formar em Sociologia pela Usp e, depois de trabalhar poucos mas afluentes anos numa empresa norte-americana de pesquisa de marketing, hoje em dia milita numa organização do terceiro setor que recolhe os fundos obtidos com a reciclagem de embalagens usadas de agrotóxicos no norte do Espírito Santo para a assistência aos desvalidos índios da Ilha do Bananal. Votou, naturalmente, em Alckmin, porque a "crise no campo" reduziu em um terço a quantidade de embalagens descartadas à beira das rodovias capixabas.
Diego, como ele, odeia Lula. É mesmo possível imaginar que os sinais de plástico colante mal-apagados sobre a luzidia lataria negra da traseira de seu Nissan tenham sido produzidos por um adesivo do devoto das gravatas amarelas retirado em dias recentes, mas não há certeza: perguntado, Diego se irrita e, levemente alterado, começa a desfilar um infindável rosário de vitupérios e doestos contra o Governo.
Será melhor falarmos do Palmeiras.
31.10.06
22.10.06
Cerradas (II)
Partem no próximo natal, quando finalmente conseguirão férias, Diego depois de quase 2 anos de "trampo sem parar", ela fechando o consultório dentário.
Diego nem esperou terminar a última prova de M. Sch na Formula 1, neste domingo, para mandar por e-mail uma confirmação da reserva da pousada em que passarão, ele e Roberta, o revéillon. "Chalés confortavelmente instalados numa exclusiva área de vegetação original, decorados com o melhor do artesanato indígena do Mato Grosso". Pensão completa, ceia, hidromassagem, champagne.
*
Desde que comprou uma versão condensada do guia Larousse, Diego tem se dedicado ao aprendizado da misteriosa ciência dos Vinhos Importados, que lhe parece tanto mais estimulante quanto caros (até o máximo de 350 reais a garrafa, pois Diego participa da comunidade "Confraria do vinho barato" no orkut) e impronunciáveis os rótulos das garrafas.
Diego há tempos é amigo do dono do Emporio Santa Clara, o único estabelecimento que ainda vende bordeaux e boa mostarda de dijon , que ambos "adoram", na cidade (neste fim de ano, devido à crise geral do mercado de alimentação de suínos, negociado na Bolsa de Chicago, cerraram portas duas das três casas fornecedoras de bens de consumo não-durável e conspícuo de Rondonópolis. Chamavam-se Delikaten e Bistrô Bar & Store).
Paulo César é paulistano como Diego, palmeirense também, pai, sitiante amador e membro da diretoria do Clube de Diretores Lojistas. Ontem marcaram uma trilha de bike para o próximo domingo.
*
Diego tem certas veleidades intelectuais. Assina VEJA; já leu cinco livros neste ano. Debaixo de ordem: O Monge e o Executivo; Quando Nietzsche Chorou; 1001 Meditações (sic);
Liderança e Visão - 25 Princípios Para Promover a Motivação; e o último, que não conseguiu compreender em absoluto, A Metamorfose. "Não consigo entender porque ele vira uma barata".
Há duas livrarias em Rondonópolis.
20.10.06
The bloodiest mary
16.10.06
O diminuto mas entusiástico clube dos apreciadores da arte sutil de Jordi Savall, o barbado catalão da viola de gamba, há algumas semanas não consegue parar de escutar o delicioso último álbum de Arianna Savall, filha dileta do erudito maestro e de sua encantadora, invencível e divina consorte-soprano Montserrat Figueras. A jovem Arianna - é mister confessarmos - nos parece que canta e toca lira como a própria Musa. Além disso, é a cara da mãe: suspiremos, e depois escutemos.
14.10.06
Cerradas
Enquanto escrevo estas tortas linhas, Diego mora em Rondonópolis, Mato Grosso, onde exerce devotadamente um importante cargo executivo numa das duas multinacionais norte-americanas responsáveis pela substituição da paisagem nativa dos chapadões locais por infinitas gondoleiras verdes de ração suína.
Embora more num bairro de elite, com seguranças e enormes sobrados, Diego demorou a acostumar-se à sujeira vermelha das ruas da nova cidade, às feições cafuzas de grande parte da população que, ao volante de seu jipe com ar-condicionado, precisa diariamente encarar nos trajetos de casa ao trabalho e para casa. Mesmo na fábrica, entre os subalternos ligeiramente mais instruídos, Diego sofre o incômodo sonoro da fala local, demasiado próxima do que ele considera baiano demais.
Diego quer acreditar que o presente cargo na multinacional norte-americana é um incômodo mas necessário estágio em sua ascensão profissional - que desde o MBA em agri-business vem prosperamente tomando a direção do mercado de commodities e, desde há alguns meses, de créditos de carbono -, mas a saudade da cosmopolita capital o faz suspirar na sacada de seu flat, de onde avista a rodovia federal e os silos prateados da multinacional concorrente.
A despeito do salário ainda apenas razoável, segundo seus anseios de consumo de classe média-alta, Diego é feliz. Tem, afinal, uma bicicleta de aço-carbono alemão que usa para fazer expedições atléticas e fotográficas (8 megapixels) às matas de galeria da região, únicas que, pela contigüidade contraproducente dos brejos e córregos, escaparam ao triunfo alimentar dos porcos chineses.
Um luzidio carro importado garante a Diego intensa receptividade em meio aos femininos contingentes de aborígenes que, ansiosos por genes branquinhos, abonados e, de preferência, paulistas, especializam-se com cada vez mais sucesso no nicho "jovens ricos de fora".
Diego talvez seja um rapaz de sorte.
6.10.06
30.9.06
Agora vai
19.9.06
10.9.06
1.9.06
28.8.06
Justificando
26.8.06
"What is your quest?"
Fico
Obrigado, ó milhões! Uma vez que as coisas continuam do mesmo jeito, tudo mudará.
11.8.06
7.8.06
Uma ou duas coisas sobre Saopaolo e a costa oriental de certo mar hespérico-levantino
2. O Secretário de Sigurância é o alvo mais lombrosiano dentre os possíveis e/ ou desejáveis.
3. O Premier judaico-hebreu assegura que a grande e significativa diferença é que os israelo-semitas pedem desculpas quando matam civis turco-libaneses, ao mesmo tempo em que os árabe-xiitas continuam matando sem pedir vênia. Os assassinatos mútuos vêm se mantendo numa proporção respectiva e aparentemente constante de 10:1.
6.8.06
Línguas mortíssimas
27.7.06
Extremely menacing vibrations
25.7.06
Enquanto isso, no minhocário...
19.7.06
17.7.06
Machado reloaded
(ainda)
11.7.06
9.7.06
8.7.06
22.6.06
17.6.06
Litania
O teu rosto inclinado pelo vento;
a feroz brancura dos teus dentes;
as mãos, de certo modo, irresponsáveis,
e contudo sombrias, e contudo transparentes;
o triunfo cruel das tuas pernas,
colunas em repouso se anoitece;
o peito raso, claro, feito de água;
a boca sossegada onde apetece
navegar ou cantar, ou simplesmente ser
a cor de um fruto, o peso de uma flor;
as palavras mordendo a solidão,
atravessadas de alegria e de terror,
são a grande razão, a única razão.
(Eugénio de Andrade)
11.6.06
1.6.06
RR rides again
A flor que és, não a que dás, eu quero.
Porque me negas o que te não peço.
Tempo há para negares
Depois de teres dado.
Flor, sê-me flor! Se te colher avaro
A mão da infausta esfinge, tu perene
Sombra errarás absurda,
Buscando o que não deste.
30.5.06
Op. 111
Foi composta e estreada em 1822. Creio que a execução não ficou a cargo de Beethoven, cuja surdez avançada já impedia que sons inteligíveis saíssem de suas outrora virtuosas mãos.
O motivo inicial, perto do fim final, converte-se concretamente no Indizível, que, segundo Mann, pode querer significar, em lenta e terna escansão, oh, doce adeus.
27.5.06
esqueceu-me lembrar ao raro leitor que a foto sussulã constitui reprodução de ditoso take do Rouge, do não menos itálico e chic-invernal polonês Kieslowski. Isto é, não se sabe ao certo, mas parece que em plagas tupinambás saiu sob o laborioso e frouxo A Fraternidade é Vermelha.
Neste exato momento há um carro buzinando, vínculo necessário com o-que-há-de-ser-após-o-naufrágio.
Mas e Ela? Irène Jacob. Hem? Pena que não se encontram em parte alguma reproduções aceitáveis. Esta comprei por acaso, escaneada de catálogo em ponta de estoque no Banco do Brasil, agência Cultura.
25.5.06
19.5.06
13.5.06
Do Little Boy dos Goitacazes
O ilustre primeiro-marido do Rio de Janeiro, infelizmente, não fornece nenhum indício do que deverá ser feito, estando a brava gente assim deitada e oferecida, com os pavilhões retofuriculares dos nossos auriverdes corpinhos.
Acho que já cansamos de saber. Com a graça de deus.
7.5.06
Hélène Grimaud
Alguns dentre meus dezessete e selecionados leitores já tiveram oportunidade de barbar-lhe em cima das louras e agilíssimas mãos, hélas, vendo-a no vídeo arrebatador da Ciaccona de Bach-Busoni.
Agora, em verdade, é necessário que vos diga.
Sua (dela) gravação da Kreisleriana, completada aos 17 encantadores aninhos (é o que mostra a capa do CD), é séria postulante ao mais alto posto no altar schumanniano - cujos santos maiores são, incontestes, Argerich, Horowitz e, vá lá, Richter.
A prise de son é tão boa que o ruído da haste do pedal direito chega a incomodar.
Hoje famosa, tendo aparecido até em programas do tipo Faustão-chic de canais franceses, nossa querida Hélèninha mora em Nova York e cria lobos, filantropicamente (ou será filupicamente?) em sua propriedade no Maine.
2.5.06
Há dez mil anos, numa galáxia muito distante...
Moral: nunca confie em professores de literatura brasileira com língua presa.
1.5.06
V, E, R, D, I.
(Sérgio, que tal a Violetta?)
30.4.06
Efêmera efeméride
29.4.06
Pronunciamiento
Penso que sacaram o ato hiper-falho de apontar "competência", "comprometimento" (sic) e "visão" como atributos de um cargo apenas intermediário na Corporação, e que pode supor, na proporção metonímica da distância até o verdadeiro CEO dos Superiores Desconhecidos, que os planos estão guardados em cofres ainda mais sinistros.
25.4.06
Hino de Cordisburgo (MG)
MÚSICA – Gilson G. Costa Mattos
LETRA - Francisco Timóteo Pereira
Cordisburgo, teu cenário
É o mais belo relicário
Em que a esperança fulgura...
Filhos pujantes, com graça simbolizam
Uma raça em trabalho, arte e cultura.
Berço de heróis e de gênios,
A Europa e seus milênios
Ante aos mesmos se curvou.
No ar, no mar ou na pena do
Grande Rosa nasce nas obras que a
História consagrou.
Por entre vales, colinas, no meio
Dessas Minas, tu tens a Mina maior.
Teu nome nela se funde, e com
Peter Lund o mundo tem-nos de cor.
Com vera grandiosidade
Deus faz a humanidade
Conhecê-lo e Ter fé:
Postou-se em feitos grandes
Como o Himalaia, os Andes
E a Gruta do Maquiné...
Essa escultura divina,
Que a milhões fascina,
Deus criou com inspiração.
Tu, Cordisburgo, és a tela
Tão rara, tão bela.
Que exalta a nação.
Cordisburgo, teu cenário...
Nos campos tangem boiadas,
E as roças bem tufadas
Frutificam teu labor.
Assim, gentis e garbosos,
Teus jovens operosos
Ostentam teu valor.
Salve sempre o Taumaturgo
Que te fez, Cordisburgo,
Para um fado tão grande.
CORAÇÃO – paz e alegria.
URBE da harmonia.
Com que o amor se expande.
Cordisburgo, teu cenário...
4.4.06
Traducción
(ao Orlando)
Capítulo lxviii. Como nossa mente pode transformar-se, e ligar coisas inferiores àquilo que deseja.Existem, semelhantemente, certas virtudes nas mentes dos Homens, as de transformação, atração, oposição, e ligação àquilo que Eles desejam; e todas as coisas lhes obedecem, quando são compelidos a um grande excesso de qualquer Paixão ou virtude [vertu], como se para exceder aquelas mesmas coisas a que se ligam. Porque o superior se liga àquilo que é inferior, e o converte a si mesmo, e o inferior é pela mesma razão convertido no superior, ou de outro modo afetado, e por ele influenciado. Por esta razão, coisas que recebem um grau superior de qualquer Estrela ligam-se, ou atraem, ou se opõe a coisas que têm um inferior, concordando ou discordando entre si. Portanto um Leão teme um Galo, porque a presença da virtude Solar é mais adequada a um Galo que a um Leão: do mesmo modo a Magnetita atrai o Ferro, porque se lhe torna superior em ordem ao possuir o grau superior da Ursa Maior.
Assim o Diamante repele a Magnetita, porque na ordem de Marte lhe é superior. De modo parecido, qualquer homem, quando oportunamente exposto às influências Celestais, seja pelas afecções da sua mente, seja pela as devidas aplicações das coisas naturais; se ele se torna mais forte numa virtude Solar, se liga às coisas inferiores e as atrai para a admiração, e a obediência; na ordem da Lua à servidão ou às enfermidades; numa ordem Saturnal à quietude ou à tristeza; na ordem de Jupiter ao culto; na ordem de Marte ao medo, e à discórdia; na ordem de Vênus ao amor, e à alegria; numa ordem Mercurial à persuasão, e obsequiosidade, e assim por diante. Agora, o solo de um tal tipo de ligação é a mui veemente e irrestrita afecção das almas, com o concurso da ordem Celestial. Mas as dissoluções ou impedimentos de uma tal ligação são constituídos por um efeito contrário, que mais excelente e forte será, respeitando ao grande excesso de ligações mentais, quanto mais o afrouxar, e impedir. E finalmente, quando temerdes Vênus, oponde-lhe Saturno. Quando Saturno ou Marte, oponde-lhes Vênus ou Júpiter: porque os Astrólogos dizem que estes estão em grande oposição, e contrários uns aos outros, isto é, causando efeitos contrários naqueles corpos inferiores; Porque no céu, onde não existe desejo, e onde todas as coisas são governadas pelo Amor, não pode haver repulsão, ou hostilidade.
Agrippa von Nettesheim: De occulta philosophia, Book I
Chapter lxviii. How our mind can change, and bind inferiour things to that which it desires.
There is also a certain vertue in the minds of men, of changing, attracting, hindring, and binding to that which they desire, and all things obey them, when they are carried into a great excess of any Passion or vertu [vertue], so as to exceed those things which they bind. For the superior binds that which is inferior, and converts it to it self, and the inferior is by the same reason converted to the superior, or is otherwise affected, and wrought upon. By this reason things that receive a superior degree of any Star, bind, or attract, or hinder things which have an inferior, according as they agree, or disagree amongst themselves. Whence a Lion is afraid of a Cock, because the presence of the Solary vertue is more agreeable to a Cock then to a Lion: So a Loadstone draws Iron, because in order it hath a superior degree of the Celestiall Bear.
So the Diamond hinders the Loadstone, because in the order of Mars it is superior to it. In like manner any man when he is opportunely exposed to the Celestiall influencies, as by the affections of his mind, so by the due applications of naturall things, if he become stronger in a Solary vertue, binds and draws the inferior into admiration, and obedience, in order of the Moon to servitude or infirmities, in a Saturnall order to quietness or sadness; in order of Jupiter to worship, in order of Mars to fear, and discord, in order of Venus to love, and joy, in a Mercuriall order to perswasion [persuasion], and obsequiousness, and the like. Now the ground of such a kind of binding is the very vehement, and boundless affection of the souls, with the concourse of the Celestiall order. But the dissolutions, or hinderances of such a like binding, are made by a contrary effect, and that more excellent or strong, for as the greater excess of the mind binds, so also it looseth, and hindreth. And lastly, when the [thou] fearest Venus, oppose Saturn. When Saturn or Mars, oppose Venus or Jupiter: for Astrologers say, that these are most at enmity, and contrary the one to the other (i.e.) causing contrary effects in these inferior bodies; For in the heaven, where there is nothing wanting, and where all things are governed with love, there can in no wise be hatred, or enmity.(translated by John Freake (sic), London, 1651)
26.3.06
Alejandra Pizarnik
a León Ostrov
Señor
La jaula se ha vuelto pájaro
y se ha volado
y mi corazón está loco
porque aúlla a la muerte
y sonríe detrás del viento
a mis delirios
Qué haré con el miedo
Qué haré con el miedo
Ya no baila la luz en mi sonrisa
ni las estaciones queman palomas en mis ideas
Mis manos se han desnudado
y se han ido donde la muerte
enseña a vivir a los muertos
Señor
El aire me castiga el ser
Detrás del aire hay mounstros
que beben de mi sangre
Es el desastre
Es la hora del vacío no vacío
Es el instante de poner cerrojo a los labios
oír a los condenados gritar
contemplar a cada uno de mis nombres
ahorcados en la nada.
Señor
Tengo veinte años
También mis ojos tienen veinte años
y sin embargo no dicen nada
Señor
He consumado mi vida en un instante
La última inocencia estalló
Ahora es nunca o jamás
o simplemente fue
¿Còmo no me suicido frente a un espejo
y desaparezco para reaparecer en el mar
donde un gran barco me esperaría
con las luces encendidas?
¿Cómo no me extraigo las venas
y hago con ellas una escala
para huir al otro lado de la noche?
El principio ha dado a luz el final
Todo continuará igual
Las sonrisas gastadas
El interés interesado
Las preguntas de piedra en piedra
Las gesticulaciones que remedan amor
Todo continuará igual
Pero mis brazos insisten en abrazar al mundo
porque aún no les enseñaron
que ya es demasiado tarde
Señor
Arroja los féretros de mi sangre
Recuerdo mi niñez
cuando yo era una anciana
Las flores morían en mis manos
porque la danza salvaje de la alegría
les destruía el corazón
Recuerdo las negras mañanas de sol
cuando era niña
es decir ayer
es decir hace siglos
Señor
La jaula se ha vuelto pájaro
y ha devorado mis esperanzas
Señor
La jaula se ha vuelto pájaro
Qué haré con el miedo
(N.W.th.: A Alejandra de Sábato teria escrito assim, heteronìmicamente poética fosse)
Englishmen's burden
Não é por outra razão que as Armas da Nossa República ostentam, estreladas, ramas de café e de tabaco.
22.3.06
João Carlos Martins
É verdade, no filme nem se menciona o lance com o Maluf e tal. Vi-o. E fui atrás dos discos (força de expressão, nestes tempos de pirataria louca).
Ouçam-no, é o que diria aos comparsas interessados. Em tempo, ele (irmão doutro eminente pianista, José Eduardo Martins, em cujo estudo sobre Debussy a gente aprende a pasmar diante de filles aux cheveux de lin) e Glenn Gould são os únicos primatas, até o presente da redação desta humílima homenagem, que completaram a gravação das obras para teclado de Bach. Em cravo e clavicórdio há outras versões. Não é de estufar o peito e tremular bandeirinhas, num comício?
8.3.06
Periquitos
Coadjuvam-se numa tal caracterização o estrito cumprimento de uma tarefa imbecil e o panorama vastíssimo dos morros sem reboco.
5.3.06
Ela vem da Ásia
Finalmente uma paranóia realmente real: Ela vai chegar, e arrebentando.
(confirmam-no os sempre decantados "especialistas").
Na última (1968), 1,5 milhão esquinizaram-se para o outro mundo.
Impossível negar: será uma limpa das boas.
4.3.06
Alumbramento inzoneiro
Pobre gosta de luxo, Trinta dixit.
22.2.06
A voz do Shuffle
18.2.06
Do regulamento de tráfego aéreo na área do aeroporto de Hayward, Canadá.
17.2.06
11111: no estrito cumprimento do dever
26.1.06
Eu sou duzentos, sou duzentos e cincoenta
Admito que derramei duas ou três lágrimas em sua homenagem, agorita mesmo, enquanto ouvia o movimento lento do Quinteto KV. 516. Mas meu preferido é o Concerto para Piano KV. 467, a primeira gravação que comprei na vida - ainda em fita, e na época do bicentenário de seu passamento. Oh tempora.
17.1.06
Credibilidade da imprensa aumenta no Brasil
11.1.06
Lapidações
Algum peregrino muçulmano terá tido a saudável idéia de atirar ao capeta um pedaço do Muro de Berlim?
9.1.06
7.1.06
Porque me ufano de meu país (III)
Paranaíba Pirapitinga Santana.
5.1.06
A Voz do Demônio, traduzida
1. Que o Homem possui dois princípios reais de existência: um Corpo e uma Alma.
2. Que a Energia, chamada Mal, vem unicamente do Corpo, e que a Razão, chamada Bem, vem unicamente da Alma.
3. Que Deus atormentará o Homem pela Eternidade por este seguir suas Energias.
Contudo, as seguintes Objeções são verdadeiras.
1. O Homem não tem Corpo distinto de sua Alma, pois o que se chama Corpo é uma porção da Alma percebida pelos cinco Sentidos, as principais portas de entrada da Alma nesta era.
2. Energia é a única vida e vem do Corpo, e Razão é o limite ou circunferência exterior da Energia.
3. Energia é Eterno Deleite.
Aqueles que reprimem seu desejo o fazem porque este é débil o bastante para que possa ser reprimido; e o repressor ou razão usurpa o lugar do desejo e governa os abúlicos.
Uma vez reprimido, o desejo aos poucos se vai tornando passivo até que seja apenas sombra do desejo.
Esta história está escrita n'O Paraíso Perdido, onde o Governador ou Razão é chamado Messias.
E o Arcanjo primordial ou comandante da hoste celestial é chamado o Demônio ou Satã e seus filhos são o Pecado e a Morte.
Contudo, no Livro de Job o Messias de Milton é chamado Satã.
Pois esta história foi adotada por ambos os partidos.
De fato, pareceu à Razão que o Desejo tinha sido expulso, mas o Demônio dá conta de que o Messias caído construiu um céu a partir do que havia roubado do Abismo.
Isto é mencionado no Evangelho, onde ele suplica ao Pai que lhe envie o consolador ou Desejo a fim de que a Razão possa ter Idéias com que construir. O Jeová da Bíblia não é senão aquele que vive entre as chamas.
Sabe que depois da morte de Cristo, ele se tornou Jeová.
Mas em Milton, o Pai é Destino, o Filho é a Razão dos cinco sentidos, e o Espírito Santo, Nada!
Nota: Milton escreveu sobre Anjos e Deus na prisão e em liberdade sobre Demônios e Inferno porque foi um verdadeiro Poeta e, sem o saber, do partido dos Demônios.
The voice of the Devil
1. That Man has two real existing principles Viz: a Body & a Soul.
2. That Energy, call'd Evil, is alone from the Body, & that Reason, call'd Good, is alone from the Soul.
3. That God will torment Man in Eternity for following his Energies.
But the following Contraries to these are True.
1. Man has no Body distinct from his Soul for that call'd Body is a portion of Soul discern'd by the five Senses, the chief inlets of Soul in this age.
2. Energy is the only life and is from the Body and Reason is the bound or outward circumference of Energy.
3 Energy is Eternal Delight.
Those who restrain desire, do so because theirs is weak enough to be restrained; and the restrainer or reason usurps its place & governs the unwilling.
And being restrain'd it by degrees becomes passive till it is only the shadow of desire.
The history of this is written in Paradise Lost, & the Governor or Reason is call'd Messiah.
And the original Archangel or possessor of the command of the heavenly host, is call'd the Devil or Satan and his children are call'd Sin & Death.
But in the Book of Job Miltons Messiah is call'd Satan.
For this history has been adopted by both parties.
It indeed appear'd to Reason as if Desire was cast out, but the Devil's account is, that the Messiah fell, & formed a heaven of what he stole from the Abyss.
This is shewn in the Gospel, where he prays to the Father to send the comforter or Desire that Reason may have Ideas to build on, the Jehovah of the Bible being no other than he who dwells in flaming fire.
Know that after Christs death, he became Jehovah.
But in Milton; the Father is Destiny, the Son, a Ratio of the five senses, & the Holy-ghost, Vacuum!
Note: The reason Milton wrote in fetters when he wrote of Angels & God, and at liberty when of Devils & Hell, is because he was a true Poet and of the Devils party without knowing it.
(William Blake, The Marriage of Heaven and Hell)