10.11.06

Cerradas (IV)

A "crise no campo" - isto é, o acometimento mais ou menos sazonal de uma febril necessidade de trocar o possante Peugeault pelo charmoso Renot (Liberté é o nome da concessionária Renot em Rondonópolis) - compeliu recentemente centenas de latifundiários a um protesto anti-Governo que interrompeu com tratores e pneus em chamas o tráfego da rodovia federal - quase sob as janelas condicionadas do escritório de Diego.
Enquanto observa a fumaça negra evolar-se rapidamente das barricadas, Diego bebe um cinnamon capuccino (grátis na máquina do corredor). Tirando os sapatos (é horário de almoço, sozinho) suspira cansado.
As intempéries do mercado de alimentação de suínos, ainda bem, não parecem ter afetado a prosperidade profissional do nosso herói. Ao contrário, a gerência regional de carbon credits trade é um cargo prestigiado em tempos de incertezas.
Enquanto os agricultores (sic) protestam e depredam, hostilizando malhando massacrando um boneco fatiotado e vagamente barbudo, Diego pensa em Rejane.
Rejane é sua amante mais ou menos regular, bastante morena e ligeiramente prognata, que conheceu numa noite de bebedeira no forró. Diego só acordou algumas horas depois, no motel, e teve um sobressalto: a moça era, em verdade vos digo, bastante feia.

Um comentário:

Sérgio disse...

Molt bona la sèrie aquesta... massa bona!