23.12.06

/diégèse/

Reparai só, ó milhões, como a forma da expressão da palavrita supra, étimo de evidente extração francesa (Souriau, 1951), constitui perfeita mímese graforréica das feições de um maldito intelectual gaulês, constipado e com sobrancelhas bout-de-souffle, pronunciando de óculos a perfeita tradução do conteúdo da forma pretendida.

14.12.06

Sionismo de massa

"Circuncidar homens africanos pode reduzir pela metade seu risco de contrair Aids, disse ontem o Instituto Nacional de Saúde dos EUA."

4.12.06

Cerradas (V)

Diego mora num comfort suites novo em folha.
Nosso herói geralmente lá chega do trabalho às 19 horas ("é um sossego, não tem trânsito nenhum etc."). Neste verão, como está chovendo pouco em Rondonópolis, Diego acostumou-se a levar seu laptop para a sacada, onde aproveita para repassar as planilhas do dia, bebe sua cervejinha e fuma o único cigarro do dia, contemplando algumas vezes, com ar sonhador, o aumento geral da noite.
Seu flat tem uma bonita vista para sudeste, rumo a rumo com a cobiçada reserva florestal dos Tadarimana.
Logo abaixo do seu campo de visão, ao pé do prédio, está a entrada do mais exclusivo condomínio fechado da cidade. A guarita de segurança está anexa a um prédio envidraçado e condicionado de dois pisos. No térreo, uma galeria de arte com pinturas de naturezas-mortas e abstracionismos vários, com etiquetas e preços. No piso superior, uma bem equipada academia de ginástica. Encimando tudo, sobre as estátuas em iluminação indireta de Hermes e Ceres, o letreiro "Village Lombardia".
Mais além, sobrados, lotes vagos, a rodovia federal, o zunzo surdo dos caminhões. A reserva, escura. O infinito da direção sudestã - até que a primeira estrela sobe.
Mas já está na hora do The OC.