25.12.07

Uma fé enorme em Deus

"Exatamente isso, minha gente: pensamento negativo atrai pensamento negativo; pensamento positivo é o que os ingleses chamam wishful thinking. Né, pensar positivo, querer pensar positivo, atrai bons fluidos. Eu sei exatamente os instrumentos de que nós precisamos dispor para atingir esse objetivo. E eu tenho sobretudo dentro de mim uma fé enorme em Deus e um ideal. Eu tenho um ideal. Eu sou uma pessoa idealista."

Fernando Affonso Collor de Mello

23.12.07

Fatal

Duvido que o espírito natalino sobreviva à abolição do décimo-terceiro.

16.12.07

Puxando ferro

Em que medida certos escritores são adotados nas escolas e exaltados nas academias e pátrias apenas como exemplos de esforço manual (desde sempre apreciado como produção de mais-valia muscular)?

*

Guimarães Rosa - ou sua secretária no Itamaraty - puxou de volta o cilindro da máquina de escrever (cujo conjunto de hastes com letras era proustianamente referido en France por corbeille) cerca de dez mil vezes durante a preparação do datiloscrito final de "Buriti", último poema de Corpo de Baile.

*

Goethe: "É muito melhor ditar aos subalternos. Eckermann, meus sais."

*

Quantas molhadas de pena terá repetido Tolstoi em Guerra e Paz?
Quantas folhas de papel atiradas ao cesto por João Cabral, quantas aspirinas?
Quantas crises de asma para toda a Recherche?

*

Quantas calorias Paulo Coelho terá consumido até chegar ao Quinto Monte?

*

O computador como última etapa da esculhambação da escrita.

A doce decomposição do latim vulgar

Lucro e logro são irmãos etimológicos (Houaiss).

Consolo no páramo

Para quem lamenta ter que aturar o Faustão no domingo, um consolo:

Lula vai passar o dia com Evo Morales.

Na Bolívia!

(Tutty Vasques)

15.12.07

Essas coisas a oposição nunca vê

Oscar Niemeyer, ora em quelônio jubileu, aparece em nono lugar numa suposta lista dos maiores gênios vivos, enquanto Steven Spielberg amarga um reles vigésimo sexto.

14.12.07


Lembrei-me, repentinamente, da minha senha do Flickr.
Não percammmmm.

11.12.07

No passado ano, enquanto se bebia cerveja barata na exposição agropecuária de Rio Verde (uma espécie de Semana Santa local), um vendedor de cd's piratas (todos sertanejos) ficou putíssimo quando declinei das tristes mercadorias, dizendo em tom quase modesto que não gostava de música sertaneja.
"Você não gosta de música sertaneja mas ela me deu tudo, o Zezédicamargoluciano já gravou até música minha, e o Niltonlamas (*) é meu amigo!"
Ao que repliquei, já quase armado com garrafa, quebrada no gargalo:
"Calma, você tem o direito de ser feliz!"

* certa entidade cantora e compositora que somente se manifesta de óculos rayban espelhados, felizmente epigonal.
"Você pensa na música?"
"O tempo todo."

4.11.07

Louvou geral

Louvação matutina em templo evangélico na sede do Batalhão de Pegação Geral. Os belicosos fiéis se autoproclamam os Caveiras de Cristo.

3.11.07

Capitão Nascimento neles (II)

Por um desses tristes caprichos dos numes, caiu-me nas mãos um recente exemplar de RIP, publicação yuppie em que a April, Inc. mercadeja as seminudezas das periguetes da vez.
Trata-se de mais uma daquelas revistas para mulheres sexual ou profissionalmente frustradas, só que em versão pouca coisa mais macha e paulistana.
Tudo, parece, foi feito para o pessoal da firma se entreter entre uma e outra sessão de homebroking, ou nos intervalos de Lost. O discurso pretende reconstituir uma descontraída conversa de bar na Vila Olímpia. Os textos, por isso, insistem no calão carcamano, reiterando certas gírias do pessoal da periferia mais afeito à hodierna correria. Explorando as afinidades simpáticas entre as duas rafaméias, a publicidade invariavelmente descamba para a incitação aos perfumes importados, óculos escuros idem e bebidas destiladas ibidem.
Quanto às periguetes, são quase todas muito, muito semelhantes àquelas dos comerciais de cerveja nacional (peitos, cabelos, biquinho, etc.), apenas mais bem maquiadas e trajadas com maior, digamos, apuro. Consta inclusive que, num desses reclames chauvinistas, a gostosa mais BOA do mundo, ora reeleita pelo ranking de RIP, preside uma sinagoga de típicos leitores RIP (o sorriso, a gravata finalmente afrouxada), pagodeando decotada a cerveja nacional homônima.
As preferências dos bem-sucedidos leitores RIP são mesmo para lá de corriqueiras. É notável a presença de centenas de starlets do axé, da "música romântica" e do submundo do consumo orwelliano entre as dez mais manteúdas do ranking. Isso provavelmente iguala os instintos dos plebói aos dos ladrões que amiúde lhes arrebatam os preciosos redondos. Algumas páginas a jusante da loira lista, encontra-se até um falso conto erótico em suposta e torpemente feminina primeira pessoa, o manjado caso do estupro gostoso e, portanto, não notificável às autoridades competentes. No post-coitum, a April, Inc. ainda oferece duzentos paus aos limítrofes que perpetrarem conto publicado.
Ao cabo, o editorial de moda exibe figurinos que o leitor médio da revista - a quem conheci ad vomitum durante os anos de tetudas vacas corporativas - só vestiria se ostentando no Hard Rock Cafe de Orlando o galardão de vencedor na vida. Porque os modelitos, sem exceção, são todos "coisadiviado".
E a lembrança repentina de que o muitas vezes pranteado Diego era assinante RIP havia mais de dez anos.

2.11.07

Police go home

Alguém será capaz de negar que as Polícias Militares Estaduais e a Rede Globo de Televisão sejam as mais nefastas e presentes heranças malditas da ditadura dos milicos?
Só aceitarei comentários em contrário se contiverem alusões maldosas ao estilista de Saraminda (sic).

1.11.07

L'ennui et la revolución

A vitória futebolística dos pós-de-arroz paulistanos foi tão anticlimática que o tédio resultante das comemorações já se compara ao da festiva "escolha" do "País" como "sede" da "Copa".

Moral: qualquer saída revolucionária que não tenha como prioridade o empastelamento incondicional d'A Globo não precisa contar com o meu apoio.

30.10.07

Extreme paranoia

Goethe found nature significant.

28.10.07

Rome, Berlusconia

O prêmio do Festival de Cinema de Roma, ora finito, se chama... Marco Aurelio...
O troféu retrata o sobredito soberano, eqüestre (entra na Reforma?), no que parece ser vidro (acrílico?) pintado, e ainda, por cima, jateado.

23.10.07

Burn, chica!

Desvendei a sacanagem toda.
Os incêndios na Califórnia são, em verdade vos digo, uma grande montagem cenográfica (operacionalizada pelos Estúdios e por algumas security forces) destinada a engambelar as multidões de famélicos dos países colonizados via o vilanismo bushista que campeia em todos os media.
"Os ricos também se fodem um dia", informa o otimista tagline do script.
Neste, um famoso e canastrão ator convertido ao budismo recebe bem a notícia da completa transubstanciação de sua frugal maloca em Malibu. E, sorrindo para a falsa equipe de reportagem, ainda se surpreende ('so few casualities!') com a eficiência gerencial do Governator e director Schwarzie, esse grande estadista.
Puro cinema.

Foice e martelo neles

A multinacional Nogenta lamentou que "seres humanos tenham sido feridos ou mortos" no conflito e diz que está colaborando com as autoridades que investigam o caso. A empresa disse que o incidente foi um fato isolado e que a ação de sem-terra não fará com que ela estude mudar suas atividades no país.

(Fôia)

21.10.07

Capitão Nascimento neles

Escusai, peço, o emprego de referência subcultural tão brega - o recente folheteen de Gilberte Praga.
Em seguida, sacai só como a legenda da fotografia infra (que retrata, esclareço, o sr. Peter Raver, jovem presidente - ora reconduzido - da recém-pilhada multinacional ciscadora) é verossímil piada-pronta neste nosso paraíso onzeneiro:

Fred compra scotch falsificado e quase se dá mal

20.10.07

Elementar, meu caro Watson

Não sei não, mas se fosse brasileiro (quimeras deveras), J. Watson - o descobridor, em raios-X, da estrutura da dupla hélice - já teria escrito um artigo contra as cotas para negros e outros quase-brancos-tratados-como-pretos.
Vendo, por puro fastio, as fotos da peruada dos futuros bacharéis e bacharelas das Arcadas, não deparei com um único preto, pobre ou mulato (há uma menina, sim, que poderia ser considerada pouco inteligente por Watson, mas de cabelos alisados).
Quase entendi: os anticotas não querem semelhantes companhias emporcalhando o ambiente quase dinamarquês.

19.10.07

Bluteau, 1720

VESPA, ou Bespa. Especie de mosca. He comprida, amarela, manchada de preto, composta de muitos aneis, & muy parecida com Abelha. Tem quatro azas, & seis pés, & he armada de um ferrão muito agudo, & penetrãte. Ha de muitas especies. Polvorizada, & aplicada aos cabellos, os faz crescer.

17.10.07

Cisco no dos outros

Segundo a Fôia (citando uma daquelas consultorias norte-americanas bem confiáveis), 46% das empresas "no" país já "sofreram" algum tipo de fraude.
Nesse discurso totalitário, mais uma vez batendo continência verbal ao dindinheiro, não se prevê a hipótese de que o empreendedorismo (sic) inzoneiro - apodo cujo étimo se liga a onzena, juro de 11% - seja bandido de per si.
Bandidos, como é notório, são vocês, os maconheiros comunistas.

Três mulheres na vida de Riobaldo: breve mirada estatística

12.10.07

Bush neles

Cuba é o país mais próximo de atingir as metas do milênio, e lidera a lista dos países que mais fizeram progresso.
Se atingir uma mortalidade infantil de quatro crianças com menos de cinco anos para cada mil nascidas vivas (atualmente esse número é de sete, contra 13 em 1990), o país terá alcançado os objetivos da ONU em todos os quesitos, antes do prazo estipulado.

(BBC Brasil - e óia que o ranking foi elaborado por uma entidade baseada em Washington)

10.10.07

Chávez neles (II)

Enquanto o New York Times libera tudo e geral pra todo mundo, o Globo (sic) começou a cobrar R$ 35ncão de quem quiser ler o Verissimo ou, vá lá, o Jabor (deve haver quem queira).
Se insisto, até então habitué gratuito mas joão-sem-braço-já-descrente, sou desacatado pelo seguinte cacho de perífrases, que, tontas, giram em torno do tolo e branco-elitista pay or go:

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Tenção de caluda

Vim, desvim.

31.8.07

Carta ao Prof. Kretzschmar

Caro Professor,

Penso que em Corpo de Baile a moderna indeterminação (ou embrejamento, para horror de Gulaberto Gaspar) da linguagem ficcional é efetuada pelo (talvez) mais formidável sistema de referências funcionais já mobilizado na literatura brasileira.

O espaço interno do livro é delimitado pelo aproveitamento (re-arranjo) de tantas e tão minuciosas referências geográfico-empíricas que sua arquitetura não pode, realmente, prestar-se a recobrir a banalidade de um previsível hieróglifo do Caduceu ou, ainda, o Mistério da Pirâmide de Memphis (com o Elvis dentro).

O alegórico, em Corpo de Baile, é tão pouco "interpretável" quanto, digamos, o Parnaso de Andrea Mantegna.

Nesse sentido, não se pode esquecer que as estrelas do Pinhém não são deuses. Elas apenas formam constelações visíveis que Rosa conhecia (pois lia livros de astronomia) e que por ele foram aproveitadas de modo acutíssimo, como também os nomes de fazendeiros constantes nos mapas de Minas da década de 50. Lélio e Lina, ao fugir para o Peixe-Manso, estão também tomando o rumo da constelação de Peixes, mas esse fato não diz nada sobre o "significado profundo" do terceiro poema do livro; antes, indica que Rosa gostava de utilizar todas as referências empírico-funcionais que pudesse (e podia muito), de modo a exercer o mais estrito controle sobre a cenografia das situações narrativas (e essa vontade de tudo querer abarcar parece estar figurada no Côco de Chico Barbós).

Em Corpo de Baile, os deuses e heróis continuam precisando cavalgar diversas léguas, passar os rios pelos vaus e orientar-se pelas estrelas, se viajando de noite; nas estórias de amor, o arruado do Ão (Doralda), a fazenda de dona Vininha (Vênus) e a Samarra (Leonísia) estão localizados ao pé de vertentes de serras que, sempre recobertas por verdes matagais, desenham em seus contrafortes grafismos em "V" semelhantes ao sexo feminino (apud Rosa, num dos Cadernos); o verde das águas do rio Abaeté (Mãe, Glorinha) é também o verde-escuro do vestido de Lina, na fuga do Pinhém. "Nesse mundo, tudo é visível, tudo é concreto, tudo é corpóreo, tudo é material e, concomitantemente, tudo é intensivo, inteligível e artisticamente necessário." (Bakhtin).

A estudada cenografia ficcional de Corpo de Baile, planejada em níveis inéditos de detalhamento, leva, por sua evidente extração científico-naturalista, a Goethe - a quem também muito interessava, de acordo com Bakhtin, a descrição acurada das bacias hidrográficas e das cadeias de montanhas. No começo de Afinidades Eletivas, com efeito, o Capitão visita os domínios do amigo Eduard a fim de logo agrimensá-los, mensurá-los, descrever e apresentar sua superfície aparente: para Bakhtin, o espaço goethiano é regido por uma "necessidade" tão concreta e visível como os afloramentos geológicos.

Essa necessidade histórico-geológica, em Rosa, manifesta-se sobre o tempo t da estória de modo a amorosamente amalgamar descrição e diegese num terceiro composto, tanto mais consistente quanto pleno, comme il faut, de ressonâncias cósmicas: terrae uis. O estudo dos mecanismos desse alegorismo total, Gesamtkunstwerk, precisa fundamentar-se na intrincada intratextualidade dos poemas, e talvez por isso até hoje continue negligenciado pela crítica. (...) Isso ajuda a visualizar, como num mapa, os contornos da rede de relações (simpatias, repulsões) que governa os itinerários no interior do sertão roseano, sem que, para tanto, seja necessário propor uma pouco honrosa ingerência da hermenêutica intertextual (ocultismo, o Brasil, mitologia grega etc.) sobre suas muitas significações possíveis.

Trata-se, claro está, de acionar a máquina do ciclo romanesco e de assisti-la funcionando, apenas reproduzindo seus processos internos. Estes se tornam visíveis na physis do livro através das assinalações dos acidentes e fatos geográficos (o Morro, o rio Urucuia, a constelação do Boieiro etc.), pois estes (pre)figuram, alegoricamente, os caracteres das personagens e seu destino no futuro da leitura. A proposta é determinar a maneira com que a disposição geográfica dos cenários das fazendas, condicionada pelos caprichos da Natur roseana, opera a idéia de uma "orografia cenográfica" (expressão registrada nos Cadernos) que mobiliza todos os poderes do Rosa naturalista e o engenho perverso do Rosa logogrífico.

Essa cenografia das fazendas seria, em alguma medida, homóloga da organização dos membros do corpo alegórico do livro? Isto é, poder-se-ia pensar no espaço cartográfico delimitado pelas principais fazendas de Corpo de Baile como metáfora animada de uma idéia de Totalidade, alegoria cartográfica do Sertão, no-nada?

Estas são as hipóteses, e a desmesura dos cartógrafos do Império, em Borges, é a perfeita imagem da encrenca em que me meti, não acha?

Um abraço,

José Américo.

29.8.07

Blatant resemblance


Não, não é FHC em, digamos, Parintins.
Trata-se de ninguém menos que Gonnie, no documentário infra.

28.8.07

Our brand is crisis

Pode-se até - com muita razão - detestar Evo Morales e sua trupe de dublês de cocaleros e estadistas.
Assistindo ao documentário supra - cujo título foi extraído da fala de um dos marketeers de Bill Pinton -, termina-se por querer militar ao lado da violenta revolta de 2003 e da conseqüente unção eleitoral do polvoroso MAS, em 2005.

O filme é elegante, agudo. Ressalta a homologia alegórica da Bolívia com o restante do continente por sinédoque e hipérbole, o que é sempre muito tentador. A diretora, norte-americana, acompanha os entreatos da campanha presidencial de Gonzalo Sánchez de Lozada - o ex-presidente neoliberal, epígono de FHC, Salinas e Menem, hoje procurado por diversos crimes - entre os quais a centena de mortes políticas perpetrada em apenas 1 (hum) ano de mandato.
Sempre que precisa exprimir-se em castellano, Gonnie - como é chamado pelos yankees - ostenta um blatant acento Ivy League. Fumando charutos, esse wonderboy da Universidade de Chicago é acometido por um esgar de sobrancelhas e ventas muito bem sacado pelo Angeli, sempre que a injusta distribuição precisa ser resumida numa só fisionomia.
Um ato de seu governo, típico, bastará para sumariar o que interessa: quando se privatizou o serviço estatal de distribuição de água, os indígenas foram proibidos de reservar a água da chuva, pois se precisava garantir a segurança jurídica dos contratos firmados com a empresa francesa.
Acrescento, com Rubem Fonseca, que Gonnie tem aquela feição balofa e sanforizada que certa vez levou o Cobrador a querer, com uma faca bem afiada, extirpar as bochechas de um bebedor de uísque da televisão, deixando a alegre figura com sorriso de caveira. E que a mesma vontade me deu em relação a vários dos estadunidenses, todos eles gerenciadores de focus groups.

Como se sabe, o medo em 2002 venceu por menos de dois pontos percentuais, e só restou à esperança mudar-se para o Bom Retiro, onde trabalha costurando 19 horas por dia.

27.8.07

Fapesp: de volta para o Ensino Superior

Esperamos assim que a famigerada ênfase em "pesquisa operacional" passe a uma gaveta mais remota na mesa do Prof. Vogeler.
Note-se que o governador chileno-paulista está a desfazer, uma a uma, as decreções que assinara no início do ano, relativas ao ensino & pesquisa paulistas.

Clarín y timbal!

Por primera vez desde el retorno de la democracia, hace 25 años, el gobierno de Brasil culpó oficialmente a la dictadura que gobernó el país entre 1964 y 1985 de ser responsable por la desaparición forzada de 339 personas y el asesinato de las mismas por decapitación, descuartizamiento y mediante ejecuciones sumarias clandestinas.

24.8.07

Saint-James

Tem chic filmar um documentário sobre o próprio ex-mordomo. O pitoresco aparece quando se lembra que o outro irmão, também herdeiro do terceiro ou quarto maior banco do país (bilhões), perpetrou a recente releitura modernosa da juventude del Che.
Segundo Nelson Rodrigues, a limusine do ilustre patrão de Saint-James - e fundador da única casa bancária - tinha até cascata com jacaré.
Culpa social é mesmo um complexo de classe média.

23.8.07

Eldorado das Arcadas

Nenhuma surpresa.
Dois ex-diretores da Faculdade de Direito da USP, como se sabe, foram ministros da ditadura.
Luiz Antonio da Gama e Silva, o Gaminha, ministro da Justiça de Costa e Silva, escreveu integralmente o glorioso texto do AI-5.
Alfredo Buzaid também vivandou bonito, exercendo o mesmo cargo durante o cálido consulado de Medici. Maior feito? Esta frase, ainda em dezembro de 1969: "Se tivermos conhecimento - o que ainda não aconteceu - da execução de atos de tortura em qualquer região do país, o ministério da Justiça saberá aplicar as medidas tendentes à punição dos responsáveis".
Como se vê, o atual diretor João "Patrimônio Público" Grandino tem ilustres precursores.
Entrementes, um certo coronel Camilo teve a cara-dura de assim justificar a excursão dos presos de ontem à delegacia: "o pessoal do MST, por exemplo, podia se autolesionar para culpar o Estado."
Com efeito, quem não é da minoria branca (ex-elite) - deu no Jornal - não possui quaisquer "valores" democráticos, nem mínimo discernimento "ético". São mesmo uns fanáticos perigosos.
Tanto que, certa feita, numa rodovia do Pará, a PM achou que seus ônibus não comportariam tantos e tão malvados sem-terra, e então tratou de garantir que eles não tivessem tempo de se autolesionar.
Unindo as duas tragédias (a PM não passava pelas Arcadas desde 1968) e resguardadas as chatas proporções, a coincidência: ambos os governadores, o (ex-)paraense e o atual chileno-paulista, se declaram social-democratas e piciformes.

Faisão no Fasano

20.8.07

Linhas tortas

Sonia volta ao telão e reforça as palavras do marido, chorando: "Estamos sendo martirizados para que vocês sejam abençoados". Estevam diz que está preso porque Deus quer que ele converta os presos dos EUA. E anuncia que vai escrever um livro sobre o tempo na cadeia.

(Fôia)

17.8.07

No país da piada pronta (perdi a conta)

"Quantas vezes você já chegou do trabalho e convidou seu vizinho para tomar uma cerveja sentados na calçada?

Pois é, o Projeto Bar Slum nasceu com o intuito de resgatar, nas pessoas, alguns valores básicos do nosso dia-a-dia, que às vezes deixamos para trás.

A idéia é buscar algo que possa representar valores importantes como espírito de comunidade, alegria, descontração, diversão, amizade e solidariedade.

Por mais estranho que possa parecer para alguns, obviamente deixando de lado alguns pontos negativos que lá existem, slums também traduzem esses valores.

Foi nesses aglomerados urbanos chamados slums, que existem desde 1897, que nós nos inspiramos para criar este bar, que tem como missão ser um lugar agradável, solidário e descontraído para compartilharmos alegrias."

("Conceito" de conhecido bar no distrito yuppie da Zona Sul de São Paulo, extraído do sítio homônimo - mas traduzido)

Trairei

Alguns parentes de vítimas do acidente com o Airbus 320 da TAM afirmaram que se sentiram usados pelo movimento "Cansei", que realizou ato no início da tarde desta sexta-feira na Praça da Sé, no centro de São Paulo. "Fomos usados. Estávamos aqui para prestar uma homenagem às vítimas e nem isso conseguimos fazer", disse Ana Maria Queiroz, mãe de Arthur Queiroz, morto no acidente.

(do Portal Tierra)

16.8.07

Reflexão com dor-de-dente

É possível identificar - e talvez classificar - um pedinte pelo modo com que a campainha do interfone da rua é acionada.

13.8.07

Deu n'O País (Madrid)

Bien entrada la noche, al salir de cualquier bar, bandadas de niños piden dinero o comida a los clientes. Al cabo de varios días, uno corre el riesgo de acostumbrarse, de creer que eso es inevitable y, por tanto, normal.

11.8.07

Après le coup


"Não significa que os criminosos não devam ser punidos nem os responsáveis irresponsabilizados. Significa que cada um pague pelo que fez, não pelo que foi. Ninguém tem culpa de ter sido ministro de um governo legalmente eleito, constitucionalmente organizado. Ninguém tem culpa de ter sido ministro de Lula, nem mesmo o senhor José Dirceu."

(Reynald Hollywood ou Diego Mijnaard, felizes da vida, telegrafando David Nasser em 10 de abril de 1964)

Pequeno tópico sem dor

O solteiro é uma espécie de rato que pensa poder comer o queijo sem cair na ratoeira.

(Millôr Fernandes, 1959)

10.8.07

Aliás...

finalmente entendi porque o Centro Paula Souza passou à alçada da Secretaria de Desenvolvimento (sic). Já está rolando um pograma (de manhã cedinho, para Deus sempre ajudar) chamado Telecurso Tec(h?) - em convênio com o que restou das malfadadas Fatecs e com - surpresa - Afundação Roberto Marinho.

Mas cautela...

o Prof. Vogeler, ora empossado, é poeta.

Deu o pinote

Bye, bye, sr. ex-Secretário de Turismo Superior.

8.8.07

Mandrake

Personagem mais desperdiçado desde a incrível Olga Benario de Jayme Monjardim (sic), o Mandrake do Home Box Office Brazil é uma grande bomba.
Interpretado por Marcos Palmeira, o advogado carioca e cínico de Rubem Fonseca perde tudo: chic, approach, wit, élan, Weltanschauung, rebolado. Não dá.
Quanto a Erika Mader, a moça tem lindos cabelos, mas Bebel, penso, deve sempre ter estômago alto, no mínimo.
Já Maria Luisa Mendonça como Berta Bronstein... (suspiros)
Miéle como Wexler até agrada, mas não tem o nariz racial requerido pelo physique du rôle.
Alexandre Frota, leão-de-chácara-e-locutor-de-strip-tease, é aquilo que se sabe.
Lavinia Vlasak como a princesa rica estraga os melhores diálogos de "Dia dos Namorados".
Marcelo Serrado, o Raul da Homicídios, é coisa (mais uma) de novela das sete.
A turma de amigos advogados, reunida em momentos Friends, é uma concessão tola à falta de conexões lógicas entre os acontecimentos, mal-ajambrados numa colagem estúpida de retalhos dos contos.
A (necessária?) modernização das tramas, transferidas à era do celular e do lcd, é lamentável pela facilidade com que uma puta mineira vira uma cachorra suburbana e um banqueiro igualmente mineiro se transforma em diplomata argentino.
Para terminar a malhação (comovida), bastará dizer que Tony Bellotto fez parte da "equipe" de roteiristas.

7.8.07

Last 10 keywords

08/07/07 11:21:22
Feel Good Soja (Google)
08/05/07 21:43:37
"dez mandamentos para dormir" (Google)
08/05/07 18:25:28
peças para camionetes antigas (Google)
08/04/07 19:15:51
sexo com animal na europa (Google)
08/03/07 19:58:27
putinhas de rio verde (Google)
08/03/07 12:35:55
Flaubert Educacao sentimental (Google)
08/02/07 19:03:23
cinco sentidos do corpo entradas da alma (Google)
08/02/07 18:53:03
plasticas de umbigo em inglaterra (Google)
08/02/07 18:32:45
torturas com umbigos (Google)
08/02/07 17:40:43
funcionarios da avon (Google)

5.8.07

Foras

É extenuante o esforço comparatista, mas,

quando se produziu, em fins do século XX, a estrepitosa desvalorização da moeda brazuca - no dia, aliás, da minha divertida e para sempre única colação de grau -, uma multidão petê-emessetê começou a pedir, rútila, a cabeça do emérito sociólogo higienópolo. Que eu saiba, aquela gente toda, no máximo, ganhava o que, digamos, hoje ganha o Emir Sader na UERJ. Numa hipótese boazinha, quase tudo classe C (classe B é quem tem, no mínimo, dois aspiradores de pó e a classe A é como a gente sabe). Ora salaristas fodidos (até meu pranteado pai, ainda por cima militar, ficou sem reajustes por uns 8 anos) ou nem tanto, queríamos (ma no troppo) a imediata decretação do fim de diversas Coisas Terríveis. As de sempre: FHC, FMI, Pentágono, CIA, Banco Mundial (nessa ordem), Bombardeios no Kosovo, Direitistas Escandinavos, A Injusta Distribuição, etc. Em seu esplendor, os baderneiros que foram a Brasília, num evidente disparate cívico, juntavam algo como 85 mil ou 131 mil e três mal-nutridas cabeças (acrescento que não participei de nenhuma passeata - mas - confesso -, meu ódio por certo imperativo hebdomadário então começava).
Anos depois, muitíssimo exaustos, os esparsos foralula que, entrementes, meteram-se a querer derrubar o chefe danassão, numa só tacada ainda arrematam metade das riquezas do país. Não se engane, raro leitor: quantos deles não se aninharão, com jacuzzis, naqueles famosos 0,07% (133 mil) do "povo" ou, já meio favelizados, naqueloutros 0,7% (1,3 milhão) que podem comprar semanal e religiosamente o supradito hebdô? Chocou-os todos - consta - a recente e estrepitosa débâcle do "ônibus do ar" europeu, obviamente mal-adaptado às inclemências do subdesenvolvimento nacional. Mas, voltando aos bois - ainda assim, é sempre uma gente que, arredondando, encastela com muros (há brasões) e pitboys cerca de 70% da bruta renda. Que tem bala na agulha e bradesco práime.
Constato, via internet banking, que acabo de me tornar classe B2; é um começo. E assim bem-pago, concluo que:

1. o forafhc não tinha como ser golpista, "aquela raça" era meramente funcionária, na melhor das hipóteses; e, como se sabe, na tradição brasileira, golpezinhos e golpões sempre foram coisa de oficial para cima; o próprio Prestes, em 1935, morava na Zona Sul.

2. o foralula é apenas mezzo-golpista, meia-bomba, pois se inscreve (quase geometricamente) num esquema de franquias (re)acionárias latino-americanas que - ôba! - só tem prosperado em Miami. Acho que tudo não passa mesmo de mais um obsceno desfile de cachorritos penteados e matarazzos. Mas - anoto - os auto-eleitos das elites, cansados de ficar no banco (literalmente) - como demonstraram 1822, 1889, 1930, 1932 (Constitucionalista é o cacete), 1955 (na trave), 1961, 1964, 1969 (um recorde!) e 1997 (quando um golpe apregoado pelo tal Serjão comprou a precavida reeleição) -, recomeçaram a rosnar baixinho.

Injusta distribuição

Manifestações [do "Movimento Fora Lula! O Brasil Acordou!"] foram realizadas também em Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Vitória e Campo Grande (somadas, reuniram cerca de mil pessoas).

27.7.07

Nome aos bois

A elite branca ora em polvorosa indignação:

OAB paulista, Febraban, Fiesp, ADVB-SP (Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil - São Paulo), Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo), CREA-SP (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de São Paulo), Sescon-SP (Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas do Estado de São Paulo), Abraphe (Associação Brasileira de Pilotos de Helicópteros) e Conaj (Confederação Nacional dos Jovens Empresários do Brasil).

26.7.07

No país da piada pronta (III)

Premido pela curiosidade de ouvir o "outro lado" sobre o acidente da MAT, o raro leitor ficará assombrado se fizer uma visita ao sítio da supradita carvoaria aérea e em seguida clicar na seção "Institucional".
Depois de claustrofóbica animação em flash e de ser recepcionado por um morto em acidente aéreo (o amaro fundador da empresa, sorridente contra um reconfortante fundo azul com nuvens brancas), o visitante aprende que figura em primeiro lugar na lista de Mandamentos da MAT a cândida sentença "nada substitui o lucro".

Caraca(s)!

Está em curso um tal "Movimento Cívico".
Seu slogan (do gaélico, sluagh 'exército, hoste' + ghairm 'grito' - Houaiss) é o desde sempre aguardado "Fora Lula".
Discretamente alardeado pelo DEMo, perfilam-se nesse movimêinto: ordem dos adevogados, federação da indústria, federação do comércio, empresários, banqueiros, publicitários, socialaites e respectivos cachorritos, estudantes da FEA, da Faap, da Casa do Saber et caterva.
Seu
maior anseio é fazer com que o País "retome o rumo certo" (?). Deseja-se acabar com o apagão aéreo e também, como sempre, com a corrupção e a imoralidade - com "essa raça", como bem resumiu algures certo Reichsmarschall.
Aparentemente relendo Saint-Éxupery, a
filosofia de trabalho dos direitosos insatisfeitos consiste, segundo os mesmos, em seguir "a regra básica da liberdade e responsabilidade, isto é, é livre quem é responsável e pode ser responsabilizado por aquilo que faz ou deixa de fazer, quem tem plena liberdade na escolha de suas ações e omissões."

Estará a Freedom House também contribuindo para o cívico convescote?

Serão os democráticos comerciais dirigidos pela Paula Lavigne ?

*

Segundo a comunidade orkutiana do pronunciamiento, devem-se convidar (por e-mail & cell phones) para a presuntiva passeata apenas os "conhecidos que não são petralhas" (serei eu, sem o saber, um destes?). Ficam também vedadas, pelo caráter "cristalinamente democrático" do evêinto, manifestações que configurem "subversão", "calúnia" ou "mau gosto". Pede-se providenciar aviões de isopor e narizes de palhaço - do contrário, "o amanhã será pior".

*

Tais instruções, tais integrantes, tais medos - estarei delirante, paranóico? - seguem à risca o platinado paradigma Fedecámaras e CTV. Vede o imperdível documentário "La revolución no será televisada", dirigido por dois cineastas irlandeses que tiraram a sorte grande e estavam em Miraflores no dia 11 de abril de 2002.
Notórios integrantes do IRA (e, portanto, do Foro de São Paulo), os gaélicos diretores nos fazem notar a grande profusão de bispos e loiras circulando pelos corredores do poder, após o efêmero sucesso do golpe midiático - deflagrado, como se sabe, por uma uma passeata promovida pela "sociedade civil".

*

E se foi o coitado do piloto, afinal, que não abaixou mesmo o manete? A indignação cívica aumenta ou diminui? Será também responsabilidade do Lula se a MAT, com o perdão do calão, simplesmente cagou no pau? Se sim, a culpa do Noço Guia é tão grande a ponto de o eneadáctilo merecer defenestración? Aceitam-se chutes em cachorro morto.

25.7.07

Pontaria boa

Invadida em Alagoas fazenda de irmão de Renan.

23.7.07

Apud Günter Lorenz

Quando alguém me narra algum acontecimento trágico, digo-lhe apenas isto: 'Se olhares nos olhos de um cavalo, verás muito da tristeza do mundo'. Eu queria que o mundo fosse habitado apenas por vaqueiros. Então tudo andaria melhor.

22.7.07

Os músicos (sic) mais populares (sic!) do Brasil

1. Banda Calypso
2. Zezé di Camargo & Luciano
3. Bruno & Marrone
4. Roberto Carlos
5. Daniel
6. Leonardo
7. Ivete Sangalo
8. Calcinha Preta

fonte: Datafolha

(Ach, ich fühl's...)

21.7.07

Despacho obsceno


Que se condecorem o comissário Marcou Relho e seu fogoso e bruno assessor com a Medalha do Pacificador - com Palma.

Lac Nord

20.7.07

Top, top, top!

Bola fora do comissário Garcia. Mas os que com isso se indignam esperneando e exigindo cabeças meio que exumam moralismos ultrapassados no Brasil desde, pelo menos, fins da década de 1960. Vede o que o clero in poison cometia nas páginas do Pasquim em julho de 1970:



(Fradinhos, Henfil)

19.7.07

Cerradas (final)

Diego está em Minneapolis, Minnesota.
Faz cinco dias que a classe executiva da american airlines o introduziu in America, com muitos mimos e brindes.
No aeroporto, os agentes de imigração até que pegaram leve com o nosso herói: era domingo; sua carta de apresentação era poderosa; seu visto, confiável. A multinacional em que Diego trabalha, diga-se, é bastante admirada back home. Assim, depois da terceira conferência de mala, os meganhas simplesmente lhe disseram welcome, Mr. Rassi, thanks for your cooperation, sem piscar os olhos nem sequer ordenar que Mr. Rassi tirasse os sapatos.
Altaneira no panorama banal de Minneapolis - uma espécie de Uberlândia quase perto da fronteira com o Canadá -, Diego logo admirou a envidraçada sede planetária da "sua" empresa.
É para lá, desde a segunda-feira desta semana, que nosso herói tem se deslocado cedinho, de táxi (dirigido por um iraquiano), deixando o hotel sempre às 07:50 am.
A prudente multinacional, cheia de outras culpas no cartório, sempre foi muito zelosa com seus gerentes terceiro-mundistas. Torra generosas verdinhas para que lhes sejam felpudos os cobertores e eficazes as instruções passadas em intermináveis sessões de powerpoint: diárias no caesar business, classe executiva e até 50 dólares por jantar (com bebida). O moral dos aguerridos regional teams tem, desse modo, se mantido bastante alevantado.
Diego fala bem o inglês, o que, junto com os olhos esverdeados, contribui para que seus colegas e chefes norte-americanos lhe dispensem o mesmo nível de falsa simpatia geralmente reservado aos gerentes da Europa meridional - quase nada superior àquele dirigido aos morenos miguelitos de nariz adunco e acento pronunciado.
Faz quatro dias que Diego, sentado entre outros nove colaboradores latino-americanos, acompanha um curso de R&D Awareness conduzido por geneticistas, cientistas sociais e marketeers sortidos e viajados para tal. Diego anotou hoje, entre outras coisas importantes, os deadlines de um projeto que, desenvolvido secretamente na sucursal do Vietnam, "explora as potencialidades do mapeamento do genoma humano para a segmentação dos mercados consumidores de arroz".
Diego vai hoje à noite jantar com o grupo de course colleagues & coaches num elegante (sic) restaurante grego.

*
Na madrugada de sábado, dia 21, Diego morrerá num acidente aéreo sobre o mar do Caribe. O avião se partirá em mil fragmentos por graça de um obscuro problema mecânico. O último pensamento do nosso já pranteado herói, antes da bola de fogo o consumir - confessemo-lo -, será mesmo dedicado a Rejane.

Jequice macabra

As coberturas televisionadas e escritas da carnificina de Congonhas, até onde vi, foram todas equivalentes no quesito jequice (FFHH, sem o saber, estava mesmo certo).
Todas - sem exceção e sempre com mal-disfarçado espírito de vira-lata - mostraram o que (e com que destaque) certos sítios e jornais do ultramar (rico) tiveram a dizer sobre a tragédia.
Alles in ordnung
, tudo como de costume; tudo como se noticiar com garrafais um acidente aéreo em que morrem 200 pessoas não fosse obrigação jornalística básica em todos os lados do mar oceano (até, digamos, no Irã); tudo como se sair no Times, no Post ou na CNN, mesmo nestas circunstâncias horrorosas, fosse ainda assim mais um tento nosso.

Em tempo: minutos após a colisão, enquanto a globo mostrava ginástica artística e novela, a band e a redetv!, certamente sem muitos prejuízos publicitários, davam tudo ao vivo (entrementes, Lula é sempre o culpado de tudo - é claro).

18.7.07

Today is Mushroom's Day!


(choveu à noite no Cerrado; os pastos de engorda estão populosos; etc.)

16.7.07

Chávez neles

A fofa Folha publica chocante manchete:

"Milionários brasileiros têm meio PIB"

Li a matéria. Fui CDF. Refiz os cálculos
com os números alardeados (mas com calculadora).

E concluí: a principal conta (mostrada apenas na capa) da matéria - primáriu mau-feito ou "correção" editorial? - está zoada.

Provemo-lo.

As 130 mil alegadas e invejadas pessoas, entre 189.283.378 (IBGE, agora), perfazem não mais que...

(130000/1
89283378) x 100 = 0,068%!

do
total brazuca.

Não os reconfortantes 0,7% ora impingidos (com 1000% de superfaturamento) na capa do jornal.

Espantoso!
Enquanto

0,068%

dos
patrícios se locupletam gostoso (a conta dá média de 4,5 milhões de doletas/vice-rei), os

99,932% (sic
;-)

pobres
restantes, a dividir a xepa da outra metade das riquezas, ainda precisamos aturar superfaturamentos (de 1000%) e atentados à aritmética primária cometidos em nome da segurança moral de um estado de coisas que doravante só poderá ser descrito como pornocracia.

12.7.07

Peréio 2010

FOLHA - O que o senhor achou da vitória do Cristo Redentor?
PAULO CÉSAR PERÉIO -
Minha opinião é a mesma do Flávio de Carvalho. Ele fez um projeto muito bem estruturado, com cálculos minuciosos, para demolir o Cristo Redentor. Se o Flávio falou, "tá" falado. Para mim , ele é um gênio. Essa é a minha proposta. Quero demolir o Cristo.

10.7.07

Hoje, sempre

Praça da Sé, março de 1964.

Herbert Marcuse

Under these circumstances, our mass media have little difficulty in selling particular interests as those of all sensible men.

(One-Dimensional Man)

Alguém lá em cima (realmente) gosta de mim

A emocionante parte final da saga/ sanha anti-April, Inc. foi quase toda publicada pelo gentil Observatório da Imprensa:

Aqui!

Pelo andar do carro-de-boi, logo logo estarei em posição de cobrar royalties da Fundação Fodd.
Mas antes será preciso extorquir um mensalinho da Van der Brecht.

7.7.07

Pops neocons

(o autor do texto abaixo se assina weden; é capaz de malhar Reynalds Hollywoods e adjacências excrescentes com muito mais elegância que eu; segue, então, a íntegra)

Há um estilo literário novo no Brasil.

Talvez alguns incautos o comparem aos de personagens antigos. Mas este estilo não é o mesmo revelado nas letras tônicas de Lacerda, a ponto de levar Getúlio ao suicídio, dizem as más línguas. Nem tem a graça e a ironia fina de um Nelson Rodrigues.

Não é humorístico (humor negro) como o de Paulo Francis; nem traz o idealismo rascante de um Glauber Rocha. Não é inteligente como o de Merquior, nem tão pouco instigante como o dos editoriais de antigos jornais de referência, como o do Correio da Manhã.

Até mesmo porque esse estilo é importado dos Estados Unidos. A esse novo estilo chamaremos literatura neocon (ou simplesmente pop neocon).

A fórmula é simples. Pega-se um tema qualquer que dê uma boa discussão. Na falta dele, alce um tema à categoria de grande polêmica da sociedade (sim, a literatura neocon consome muita energia e não pode sobreviver na calmaria cotidiana).

Depois faça comparações hiperbólicas (“culpados pela matança de cem milhões de pessoas”, etc), e traga à cena personagens da história, mas de preferência vilões incontornáveis (Stálin, Hitler etc). Isso é para que não haja dúvida sobre de que lado ficar.

Por fim, produza-se alguma alcunha espetacular sobre algum personagem público ou tornado público, exatamente com o intuito de difamá-lo. Às vezes essa alcunha pode ser direcionada ao grupo ideológico rival.

A literatura neocon é um tipo de folhetim, onde se encontram os elementos mais básicos desse gênero: periodicidade, uma eterna luta de mocinhas indefesas contra megeras, degenerados de caráter versus homens de respeito e, principalmente, um final triunfal.

A diferença é que não é o personagem que vence, mas o jornalista-justiceiro, o intelectual desvelador da grande sacanagem da História.

Não aderiram a ela somente cineastas e literatos ruins. Muitos jornalistas e mesmo intelectuais ávidos por uma boa cena de pancadaria também gozam com seus sadismos.

Com certeza, se me permitem a ironia, é uma forma de gozo perverso, pois que se volta a ela incessantemente, mesmo contra a lei do bom debate. E como o aspecto sádico do caráter traz o negativo do masoquismo – vicissitudes das pulsões, segundo Freud – gozam também ao ser odiados e espinafrados.

A organização textual da literatura neocon é basicamente dissertativo-narrativa, onde a narrativa é fundo e não figura.

A dissertação reafirma o desdém pela opinião adversária, uma sensação pouco fundamentada de superioridade e um argumento fragilizado pelo próprio automatismo da expressão raivosa.

Há muitos. Muitos adjetivos depreciadores.

Ocupa hoje vários suportes: colunas de jornais, telejornais noturnos, sites e blogs.

Os EUA são o primo rico do pop neocon: lá esse tipo de literatura vende centenas de milhares de livros.

Da mesma forma, ocupa a justiça com processos de calúnia e difamação (como se não se tivesse mais o que fazer nos fóruns).

Não há literato neocon que não tenha respondido a alguns processos por crimes contra a honra. Essa é a medida do seu sucesso.

A fórmula da agressão é imperativa. Talvez esse seja o maior problema da literatura neocon. E está no fato de fazer incessantemente da vilanização do diálogo.

Esse problema é pior do que o seu alinhamento com uma posição ideológica (afinal há inúmeros folhetins de esquerda tão chatos quanto); ou de ser um típico produto mass cult da Indústria Cultural (dotado de clichês, e público bem detectado).

Partindo de uma percepção equivocada da natureza humana, como encarnação simplória da oposição entre o bem e o mal (desde que o mal esteja do outro lado), este tipo de literatura dramatiza a reflexão e, principalmente, ajuda a disseminar ou consolidar a cultura da intolerância.

Ser paciente e civilizado, ser tolerante à opinião com a qual não se concorda, ser educado, mesmo que o outro não o seja, faz-nos desprender um esforço muitas vezes incomum, sacrifício esse próprio de superação do que um certo político de alcova em recente história brasileira chamou de “institutos mais primitivos”.

A possibilidade do diálogo público é o melhor lado da modernidade, que tantas coisas ruins também nos trouxe. Esse sonho civilizacional definitivamente não faz parte da literatura neocon.

6.7.07

No país da piada pronta (II)

Carapicuíba

Do tupi:
*akarapu'ku = coró
iwa = fruta
(Houaiss)

No país da piada pronta

O provável primeiro dono da minha segunda edição (sórry, periferia!) de Corpo de Baile foi o quase certamente já ido mesmo Dr. Washington Belleza (a caneta tinteiro, 1962).
Comprei-o - o livro - no sebo Nova Floresta, a oeste da Sé, em 2005, por algumas (saudosas) centenas de reais.
E ainda resiste no frontispício um selo mal-colado da Livraria Triângulo.

5.7.07

Google Awards

Foi-nos dada a inexcedível honra de figurar em primeiro lugar na lista de sítios exibida contra as palavras-chave "ensinamentos imbecis".

4.7.07

Die Nationale Presse

A empresa sul-africana que comprou o máximo que podia da April, Inc. utilizou para tanto laranjas e paraísos fiscais. Em 1915 ajudou a fundar o apartheid. O afável Piet Botha pertenceu ao Conselho de Administração, dele se demitindo para mais altas glórias de ministro e presidente. No verbete Naspers da wikipedia, evidentemente semi-oficial, há na cronologia do conglomerado um perturbador hiato entre os anos de 1918 e 1985 (!)
O que mais me divertiu, contudo, foi saber que o nome da cuja sul-africana empresa abrevia a cândida denominação africâner De Nasionale Pers. Ou ainda, em alto-alemão, por que não?, Die Nationale Presse.
A Naspers era, por assim dizer, o braço impresso e irradiado do Nasionale Party. Aquele...
Tem galardão...

El Oro de Caracas

Antecipando-se às patrulhas regulamentares, este blog faz questão de colocar a descoberto sua absoluta e bem remunerada parcialidade:

1.7.07

Escroques, trapaças e jornalistas meliantes (final)

"Plec! Plec! Bum!"

A fotografia acima, que o livro do Elio Gaspari credita à Agência JB, retrata o capitão Lamarca em fins de 1968, dando posadas aulas de tiro às funcionárias do bradesco no estande do 4o. Regimento de Infantaria, em Quitaúna (SP). Antes, portanto, da "deserção", em janeiro de 1969 - sempre segundo o autorizado Gaspari.

(Como sempre) por acaso, ocorreu-me notar que a VEDE, numa edição recente de cujo número no quiero acordarme, ilustra com foto muito similar um textículo não assinado que, na cara dura, intitula-se "Bolsa-Terrorismo" para começar a meter o pau na promoção da viúva do ex-capitão Lamarca até a patente (leia-se pensão) de viúva de ex-coronel (não entremos, por ora, no mérito dessa candente questão previdenciária).

Falta-me a reprodução da fotografia da revista (sic) por não ter conseguido crackear uma senha de acesso ao sítio da April, Inc., mas garanto-vos (os são-tomés podem correr à ante-sala do consultório do dentista para comprovar) que, naquele número nada exemplar, VEDE elege a seguinte moçoila para aparecer fazendo mira com uma ameaçadora arma longa, sempre sob as atentas vistas do espigo Lamarca:

Em VEDE, esta simpática educanda, durante sua inesquecível primeira instrução de tiro, aparece vestindo a mesma saia listradinha nova! (trabalhará também no bradesco? Sou um romântico incurável)

O raro leitor concordará, confiante, de que se está falando de fotos produzidas nos mesmos press sessions days, no mesmo aloucado 1968, num mesmo quartel do Exército no interior (ou quase) de São Paulo?

Pues. Sucede que a legenda da ilustração da VEDE, posso fiar a barba, refere-se a algo como "Lamarca depois do Exército" ou "Lamarca depois de se tornar um terrorista frio e sanguinário" - depois, concluo, de janeiro de 1969.

Blind chance? Cochilo da revisão? Ou estamos apenas patinando no campo barthesiano da significância? Pouco provável: no mesmo exemplar da revista (sic!), apenas algumas páginas depois da anônima matéria, o proverbial Reynald Hollywood (© M. de Verdepascoli), assustadiço com a maré vermelha que vingativamente lhe entupira os bofes da caixa-postal, perpetra um artigo (sic!!!) em que se igualam os (então) ocupantes da reitoria - convenhamos, no máximo larápios ou toxicômanos - ora aos traficantes do Complexo do Alemão, ora à Al-Qaida.

Batata: após a recepção escalonada dessas palavras de ordem, se tiver prestado mínima atenção à semiologia exotérica da trapaça (operada até mesmo em nível subliminar, não duvidemos de nada), o leitor médio da VEDE - que, como se sabe, só lê VEDE e era (é, e sempre será) favorável à incursão do Batalhão de Choque - estará preparado para navegar no brilhante insight: "Estudantes de saias listradinhas têm sido instruídas por subversivos covardes e impiedosos a fazer fogo contra a sociedade judaico-cristã-ocidental desde a longínqua época da Revolução (sic!!!!!!!!!!) - e agora com o dinheiro dos meus impostos, meu Deus!"
Esforçando-se durante o breve intervalo entre a Novela e o Jornal Nacional, o mesmo leitor médio concluirá que os burgueses revoltados e mimados da USP não passam todos, como sempre, de testas-de-ferro de terroristas/ bolsistas provenientes de Potências Estrangeiras (Moscou, Havana, Caracas, Pyongyang, Pindamonhangaba etc.) interessadas em instalar no torrão inzoneiro uma ditadura comunista.

*
Segundo esse bricolage ideológico chulé (mais uma), a mefítica subversão da Universidade é obra de mafaldinhas e barbudinhos vagabundos que, armados até os dentes com laptops roubados e gasolina e fuzis contrabandeados da Chavezuela, merecem sofrer uma (re)ação "fulminante" por parte do meu, do seu, do nosso Estado; não como irrisória instrução militar para funcionárias da reitoria ou do bradesco - aliás e de quebra convenientemente poupado na estória toda -, mas, talvez, why not?, à moda da Operação Pajussara, naquela saudosa primavera de 1971...

*
Diz Ernesto Sabato, pela boca do sempre lúcido Fernando Vidal Olmos, que quando se combate um inimigo por longo tempo acaba-se ficando parecido com ele. Assim, e só por via das dúvidas, cessam doravante as referências malsãs ao horrível hebdomadário.

Mas, como na ópera, ainda dá tempo de cantar a conclusão moral da farsa toda: num mundo em que o mesmo bradesco patrocina a Dança dos Famosos (ora reciclada, literalmente, como Circo), as laboriosas fotomontagens stalinistas - precursoras do photoshop e, portanto, do pioneiro ensaio da Hortência na Playboy - há muito já não são mais necessárias;
basta a mais fácil e descarada mentira inepta.

30.6.07

Caraio

ELLOS são muito eficientes mesmo, admitamos. A postagem abaixo, cujo título foi copiado de um dos informativos onláine que por aí trescalam essas novas terríveis, mereceu, dois minutos após sua publicação, duas visitas provenientes de IP's norte-americanos (yankees), segundo o BlogPatrol. O rastreamento dos ocultos caminhos (referrers) percorridos pelos, hum, estadunidenses - sempre informa o patrulheiro azul - leva à própria barra administrativa do Blogger, id est, google.com ("Esse site também é ótimo para fazer pesquisas", informa a equipa). Noutro bom sítio de rastreamento, divertidamente paranóico, garantem-me com 90% de acurácia que as tais folheadas foram obra de olhos hindus - de Bangalore.
Por precaução, no caso de estar mesmo sendo tomado pelo terrorista que acionará a célula paulistana do Plano, esperarei a visita dos humvees & blackhawks com uma bandeira da Rioverdense me recobrindo o peco peito.