17.4.05

From seventies

"A superstição é uma paixão negativa nascida da imaginação que, impotente para compreender as leis necessárias do universo, oscila entre o medo dos males e a esperança dos bens. Dessa oscilação, a imaginação forja a idéia de uma Natureza caprichosa, dentro da qual o homem é um joguete. Em seguida, essa concepção é projetada num ser supremo e todo-poderoso, que existiria fora do mundo e o controlaria segundo seu capricho: Deus. Nascida do medo e da esperança, a superstição faz surgir uma religião onde Deus é um ser colérico ao qual se deve prestar culto para que seja sempre benéfico. A superstição cria uma casta de homens que se dizem intérpretes da vontade de Deus, capazes de oficiar os cultos, profetizar eventos e invocar milagres. A superstição engendra, portanto, o poder que domina a massa popular ignorante. O poder religioso, por sua vez, forma um aparato militar e político para sua sustentação, de forma tal que a superstição está na raiz de todo Estado autoritário e despótico, onde os chefes se mantêm fortes alimentando o terror das massas, com o medo dos castigos e com suas esperanças de recompensa. Toda filosofia que tentar explicar a Natureza apoiada na idéia de um Deus transcendente, voluntarioso e onipotente, não será filosofia, será apenas uma forma refinada de superstição".

Texto com "consultoria" de Marilena Chauí, volume Espinosa da coleção os pensadores, 1973.

13 comentários:

Anônimo disse...

é, deu pra ver o spinoza e a marilena chauí super 'role models' de vida, nessa e nas outras! eles sabem muito sobre as coisas. ai que negativismo!

Érico disse...

Anonymous 4?

Orlando Tosetto Júnior disse...

A anonimidade é inerente ao comentamento blogágico? O anonimismo à comentagem bloguística? E Deus nisso tudo, mata ou abençoa? Ah, que enrolado, o mundo moderno...

Anônimo disse...

em verdad vos digo que a maioria dos anônimos não o são: pelo contrário, famosos o bastante para serem reconhecidos simplesmente pelo estilo ou falta de. adivinha quem sou?

Anônimo disse...

Anonymous, antes que eu me esqueça, vá catar coquinho.

Anônimo disse...

Com donaire, sempre!

Érico disse...

Cavalheiros, comportem-se, os séculos vos contemplam.

Anônimo disse...

a superstição atrai o azar

Érico disse...

Isso é uma epígrafe do Umberto Eco, no "Pêndulo".
A gente vai mesmo precisar para de ler horóscopos?

Anônimo disse...

essa frase é minha, o umberto pegou emprestada e nunca devolveu!
-- Raymond Smullyan

Orlando Tosetto Júnior disse...

Eu acho que podemos continuar lendo os horóscopos. E usando-os nas reuniões, como comentários: você precisa saber ser mais focado, Sagitário.

Érico disse...

Ou, ao Virgem: cuidado com pessoas de Escorpião. Etc.

Anônimo disse...

ótima sugestão. o Glorioso Departamento Jurídico irá adotá-la. por exemplo: "uma medida cautelar não seria recomendável, porque a lua não está numa casa auspiciosa" e assim por diante. melhor: podemos determinar o destino dos processos judiciais com base no horóscopo, ou seja, se um processo tem como protocolo inicial o dia primeiro de abril, ele é de áries. podemos, inclusive, dar entrada num processo em dia e hora que gere um bom mapa astral. no futuro usaremos a astrologia chinesa.