19.7.07

Jequice macabra

As coberturas televisionadas e escritas da carnificina de Congonhas, até onde vi, foram todas equivalentes no quesito jequice (FFHH, sem o saber, estava mesmo certo).
Todas - sem exceção e sempre com mal-disfarçado espírito de vira-lata - mostraram o que (e com que destaque) certos sítios e jornais do ultramar (rico) tiveram a dizer sobre a tragédia.
Alles in ordnung
, tudo como de costume; tudo como se noticiar com garrafais um acidente aéreo em que morrem 200 pessoas não fosse obrigação jornalística básica em todos os lados do mar oceano (até, digamos, no Irã); tudo como se sair no Times, no Post ou na CNN, mesmo nestas circunstâncias horrorosas, fosse ainda assim mais um tento nosso.

Em tempo: minutos após a colisão, enquanto a globo mostrava ginástica artística e novela, a band e a redetv!, certamente sem muitos prejuízos publicitários, davam tudo ao vivo (entrementes, Lula é sempre o culpado de tudo - é claro).

5 comentários:

júlia disse...

meu
eu achei muito escrota toda a cobertura televisiva dessa tristeza de acidente
que foi aquilo deles filmando os parentes esperando por receber notíciais?
acho que foi a coisa mais cruel que já vi, chorei convulsionadamente de pânico, tristeza e raiva
uns sádicos e maquiavélicos
filhos da puta

Anônimo disse...

e isso vai continuar por semanas a fio. na cabeça dessa gente, o telespectador quer sangue. por essas e outras, não vejo mais tv, há tempos.
(o pior de tudo, mesmo, é que entre uma cena de escombros e fogo e uma cena de familiares sofrendo tem sempre - sempre - as propagandas, oferecendo celular, tv, carro, leite de soja, chocolate, remédio pra resfriado, empréstimo, etc, etc, etc)

Érico disse...

O noticiário tem se divido entre as medalhas do pan e os corpos carbonizados, mas sempre sobra espaço para um revolucionário shampoo.

Anônimo disse...

Pois é. E a melhor cobertura escrita d'além-mar foi feita pelo jornal "El País", até onde pude constatar. O "Corriere della Sera" também disse algumas coisas que por aqui não teriam coragem de dizer.

Anônimo disse...

E agora dá-lhe acidente! Não bastasse toda a desgraça, os meios de comunicação empulhar-nos-ão meses repetindo as imagens ad infinitum, como foi com o caso da queda do avião da Gol.
O mais ridículo é juntar o acidente ao caldo da "crise aérea" (crise para quem, afinal?). Quando, em 1996, caiu o Fokker-100 da TAM sobre o Jabaquara, não me lembro da mídia histéria ter creditado a culpa ao governo Fernando Henrique. Por que agora vêm feito lobos sobre o governo Lula?
Um adendo curioso, quando comecei a trabalhar, em 2000, pegava um ônibus que passava na rua diagonal àquela onde o Fokker foi espatifar-se; havia um prédio - desses de pastilhas multicores que abrigam botecos em baixo e consultórios de dentista e advocacias suspeitas em cima - ao qual faltava um pedaço do beiral. Contavam que foi o lugar do primeiro impacto, o trem de pouso esbarrara ali.