26.7.07

Caraca(s)!

Está em curso um tal "Movimento Cívico".
Seu slogan (do gaélico, sluagh 'exército, hoste' + ghairm 'grito' - Houaiss) é o desde sempre aguardado "Fora Lula".
Discretamente alardeado pelo DEMo, perfilam-se nesse movimêinto: ordem dos adevogados, federação da indústria, federação do comércio, empresários, banqueiros, publicitários, socialaites e respectivos cachorritos, estudantes da FEA, da Faap, da Casa do Saber et caterva.
Seu
maior anseio é fazer com que o País "retome o rumo certo" (?). Deseja-se acabar com o apagão aéreo e também, como sempre, com a corrupção e a imoralidade - com "essa raça", como bem resumiu algures certo Reichsmarschall.
Aparentemente relendo Saint-Éxupery, a
filosofia de trabalho dos direitosos insatisfeitos consiste, segundo os mesmos, em seguir "a regra básica da liberdade e responsabilidade, isto é, é livre quem é responsável e pode ser responsabilizado por aquilo que faz ou deixa de fazer, quem tem plena liberdade na escolha de suas ações e omissões."

Estará a Freedom House também contribuindo para o cívico convescote?

Serão os democráticos comerciais dirigidos pela Paula Lavigne ?

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Segundo a comunidade orkutiana do pronunciamiento, devem-se convidar (por e-mail & cell phones) para a presuntiva passeata apenas os "conhecidos que não são petralhas" (serei eu, sem o saber, um destes?). Ficam também vedadas, pelo caráter "cristalinamente democrático" do evêinto, manifestações que configurem "subversão", "calúnia" ou "mau gosto". Pede-se providenciar aviões de isopor e narizes de palhaço - do contrário, "o amanhã será pior".

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Tais instruções, tais integrantes, tais medos - estarei delirante, paranóico? - seguem à risca o platinado paradigma Fedecámaras e CTV. Vede o imperdível documentário "La revolución no será televisada", dirigido por dois cineastas irlandeses que tiraram a sorte grande e estavam em Miraflores no dia 11 de abril de 2002.
Notórios integrantes do IRA (e, portanto, do Foro de São Paulo), os gaélicos diretores nos fazem notar a grande profusão de bispos e loiras circulando pelos corredores do poder, após o efêmero sucesso do golpe midiático - deflagrado, como se sabe, por uma uma passeata promovida pela "sociedade civil".

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E se foi o coitado do piloto, afinal, que não abaixou mesmo o manete? A indignação cívica aumenta ou diminui? Será também responsabilidade do Lula se a MAT, com o perdão do calão, simplesmente cagou no pau? Se sim, a culpa do Noço Guia é tão grande a ponto de o eneadáctilo merecer defenestración? Aceitam-se chutes em cachorro morto.

6 comentários:

Anônimo disse...

A princípio, não me parece nada absurdo exigir a renúncia de um presidente, seja ele qual for. Eu me lembro da histeria que contaminou os sindicatos e o movimento estudantil nos anos de tucanato. Cantava-se nas manifestações (participei, hélas, de algumas): "Fora já, fora já daqui, / O FHC e o FMI". Ou então: "Piriri, pororó / Piriri, pororó, pororó / Fernando Henrique / Ó, ó. ó", letra que era acompanhada do gesto do assessor do Marco Aurélio Garcia. Se a direita quiser fazer suas cançonetas e bradá-las por aí também, é legítimo que o faça. Eu só posso ficar aqui assistino à pantomima e dando risada de tudo.

Anônimo disse...

Assistindo, digo.

Anônimo disse...

O grande problema é que a direita nunca quer fazer somente canções...

Anônimo disse...

E a esquerda, contenta-se com as canções? "Ditadura do proletariado" lhe diz alguma coisa? E "fim da História"?

Érico disse...

Quantos dos atuais entusiastas do civismo serão filhos ou netos do marchadores com Deus pela Família? Felizmente, ambas Entidades saíram de moda.

Anônimo disse...

É uma boa pergunta, José Américo. Desta vez, no entanto, duvido de que algum padre dê as caras na manifestação.