5.8.07

Foras

É extenuante o esforço comparatista, mas,

quando se produziu, em fins do século XX, a estrepitosa desvalorização da moeda brazuca - no dia, aliás, da minha divertida e para sempre única colação de grau -, uma multidão petê-emessetê começou a pedir, rútila, a cabeça do emérito sociólogo higienópolo. Que eu saiba, aquela gente toda, no máximo, ganhava o que, digamos, hoje ganha o Emir Sader na UERJ. Numa hipótese boazinha, quase tudo classe C (classe B é quem tem, no mínimo, dois aspiradores de pó e a classe A é como a gente sabe). Ora salaristas fodidos (até meu pranteado pai, ainda por cima militar, ficou sem reajustes por uns 8 anos) ou nem tanto, queríamos (ma no troppo) a imediata decretação do fim de diversas Coisas Terríveis. As de sempre: FHC, FMI, Pentágono, CIA, Banco Mundial (nessa ordem), Bombardeios no Kosovo, Direitistas Escandinavos, A Injusta Distribuição, etc. Em seu esplendor, os baderneiros que foram a Brasília, num evidente disparate cívico, juntavam algo como 85 mil ou 131 mil e três mal-nutridas cabeças (acrescento que não participei de nenhuma passeata - mas - confesso -, meu ódio por certo imperativo hebdomadário então começava).
Anos depois, muitíssimo exaustos, os esparsos foralula que, entrementes, meteram-se a querer derrubar o chefe danassão, numa só tacada ainda arrematam metade das riquezas do país. Não se engane, raro leitor: quantos deles não se aninharão, com jacuzzis, naqueles famosos 0,07% (133 mil) do "povo" ou, já meio favelizados, naqueloutros 0,7% (1,3 milhão) que podem comprar semanal e religiosamente o supradito hebdô? Chocou-os todos - consta - a recente e estrepitosa débâcle do "ônibus do ar" europeu, obviamente mal-adaptado às inclemências do subdesenvolvimento nacional. Mas, voltando aos bois - ainda assim, é sempre uma gente que, arredondando, encastela com muros (há brasões) e pitboys cerca de 70% da bruta renda. Que tem bala na agulha e bradesco práime.
Constato, via internet banking, que acabo de me tornar classe B2; é um começo. E assim bem-pago, concluo que:

1. o forafhc não tinha como ser golpista, "aquela raça" era meramente funcionária, na melhor das hipóteses; e, como se sabe, na tradição brasileira, golpezinhos e golpões sempre foram coisa de oficial para cima; o próprio Prestes, em 1935, morava na Zona Sul.

2. o foralula é apenas mezzo-golpista, meia-bomba, pois se inscreve (quase geometricamente) num esquema de franquias (re)acionárias latino-americanas que - ôba! - só tem prosperado em Miami. Acho que tudo não passa mesmo de mais um obsceno desfile de cachorritos penteados e matarazzos. Mas - anoto - os auto-eleitos das elites, cansados de ficar no banco (literalmente) - como demonstraram 1822, 1889, 1930, 1932 (Constitucionalista é o cacete), 1955 (na trave), 1961, 1964, 1969 (um recorde!) e 1997 (quando um golpe apregoado pelo tal Serjão comprou a precavida reeleição) -, recomeçaram a rosnar baixinho.

4 comentários:

Anônimo disse...

te falei, pô. um bando de superbundinhas. e poucos, ainda por cima.

Anônimo disse...

1932? Que maldade a sua inclusão em datas tão indelizes...

Érico disse...

Sérgio, todo respeito aos veteranos e ao sofrimento do povo paulista. Mas é evidente que os cafezentos grupos políticos (e nada democráticos) alijados por Vargas eram os "cansados" de então.

Anônimo disse...

Acho temerário jogar os acontecimentos de 1932 em comparação com os "cansados" de agora...