5.7.05

Real Alfandega Venarda ou Como me Tornei Contrabandista

Esta eh, evidentemente, uma narrativa alegorica.

Conta-se, mas Bob Jeff sabe mais, que eu estava na boca do caixa do free-shop em Guarulhos, ansioso para fazer reconhecido meu direito de usufruir um super-binoculo do caralho (as libras na mao estimulavam o espirito levemente voyeur do consumismo desenfreado). E num eh que, metendo a mao no bolso, percebi que havia perdido o cartao de embarque? Incrivel. Comecaram as ilegalidades: o moco do caixa me vendeu o traste mesmo sem ele ("olha, eu vou quebrar essa pra voce, mas o certo &c."). Fui entao ate o federal do controle de passaportes e ele me disse para voltar ao balcao da companhia aerea. Como? "Ah, voce desce aquela escada ali e tal". Chegou uma especie de supervisora balofa pra fazer onda: "Eh, mas veja lah com a Receita sobre esse negocio que voce comprou, pode ser que eles encrenquem". Pois, descendo as tais escadas, descobri-me na fila do desembarque internacional! Um outro solicito federal, ao ouvir as minhas razoes: "vai lah, passa aih". Andando mais alguns passos, cheguei ao balcao da Receita, onde repeti a lenga-lenga a um sonado oficial alfandegario: "ah, nao tem problema, vai lah". Abriu-se uma portinhola eletronica e eis que estava no saguao principal do aeroporto, livre e aberto para o mundao.
Isto eh, tecnicamente tornei-me um contrabandista. Nesse caso especifico, meu cao (oxitona fechada, please) era verdadeiro, estupidamente verdadeiro, mas nao eh uma excelente burla das instituicoes mais arcanas da Republica?

2 comentários:

Érico disse...

Excelente observacao, marques. A moca que serve o almoco eh, com efeito, de Bangladesh; e ja vi pelo menos dois engenheiros de turbante por aqui.

Sérgio disse...

Lembre-se quando for contrabandear, para todos os efeitos (inclusive pela legislação venarda) a Ásia começa em Dover.