23.2.10

Hors d'oeuvres

A desfrutável instituição cultural que me provê o ganha-pão planeja uma série de banquetes "conceituais", precedidos, a cada e faustosa noite (pensai em Bayreuth, Dubai, Istambul!), por um "curso histórico" de "gastronomia".
Tudo consiste, claro, em mero convescote de ricos maganos (um banco suíço cúmplice terá o logotipo estampado em todos os guardanapos), mais um vez com o patrocínio arregalado das arcas públicas. O ímpeto didático é apenas a cunha marota com que se extorque do Governo o sumo aliciante da renúncia fiscal ("difusão" da "cultura" etc.).
Entrementes, orgulhosos do patrício Gini 0,58 (crede, o de Honduras não é maior!), os mesmos e locupletos maganos são honestamente capazes de afetar horror ao "radicalismo" do ora repuxado modelito petê. Convindo, raro e piedoso leitor, que - excetuadas as psolices de mostruário - os planos da patota cumpanhêra apenas esbocem um tímido (e inútil) chamamento à ordem no galinheiro, só resta ansiar pelo advento próximo de cabeças íntegras como as de Saint-Just e Robespierre.
De preferência, no recipiente dourado do ponche.

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