11.3.08

Chomsky neles

Os apologistas mais vulgares dos crimes dos EUA e Israel explicam com solenidade digna de melhor causa que, enquanto os árabes têm o propósito de matar pessoas, os EUA e Israel – sendo, como são, sociedades democráticas— não têm a menor intenção de fazê-lo. Seus mortos são, simplesmente, acidentais, e por isso seus assassinatos não podem ser comparados, no ponto da depravação moral, com os de seus adversários. Esta foi, por exemplo, a posição do Tribunal Supremo de Israel quando recentemente autorizou um severo corretivo coletivo contra o povo de Gaza, privando-o de eletricidade (e de água, de eliminação de resíduos e águas servidas e de outros elementos básicos da vida civilizada).

Uma linha de defesa, esta, que é recorrente na hora de enfrentar outros velhos pecadilhos de Washington. Por exemplo, a destruição da Planta Farmacêutica ao-Shifa no Sudão, em 1998. Aparentemente, o ataque custou dez mil vidas, mas não houve qualquer intenção de matá-las; daí que não fosse um crime resultante de uma ordem com expressa intenção de matar. Assim nos ensinam esses moralistas sistematicamente empenhados em apagar toda réplica efetiva a essas vulgares tentativas de autojustificação. Vamos dizer mais uma vez: é possível distinguir três categorias de crimes: assassinato intencional, morte acidental e assassinato premeditado mas sem uma intenção específica. As atrocidades dos EUA e Israel são um caso típico da terceira categoria.

(adorável o logotipo da Carta Maior, de onde extraí o trecho - de resto, mal-traduzido: um globo em que os continentes não só estão cobertos de vermelho-sangue como também invertidos, ou melhor, subvertidos)

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