30.5.06

Op. 111

Estou com o Prof. Kretzschmar. A referida sonata tem de ser a última, depois da qual só me pode restar abrir os olhos e voltar ao engano cotidiano.
Foi composta e estreada em 1822. Creio que a execução não ficou a cargo de Beethoven, cuja surdez avançada já impedia que sons inteligíveis saíssem de suas outrora virtuosas mãos.
O motivo inicial, perto do fim final, converte-se concretamente no Indizível, que, segundo Mann, pode querer significar, em lenta e terna escansão, oh, doce adeus.

27.5.06

(em desopilante torneio de divas com o Orlando)

esqueceu-me lembrar ao raro leitor que a foto sussulã constitui reprodução de ditoso take do Rouge, do não menos itálico e chic-invernal polonês Kieslowski. Isto é, não se sabe ao certo, mas parece que em plagas tupinambás saiu sob o laborioso e frouxo A Fraternidade é Vermelha.
Neste exato momento há um carro buzinando, vínculo necessário com o-que-há-de-ser-após-o-naufrágio.
Mas e Ela? Irène Jacob. Hem? Pena que não se encontram em parte alguma reproduções aceitáveis. Esta comprei por acaso, escaneada de catálogo em ponta de estoque no Banco do Brasil, agência Cultura.



19.5.06

Mea culpa, mea maxima culpa

"Eu não tomo conhaque, bebo vinho"

F. H. do seu C.

13.5.06

Do Little Boy dos Goitacazes

"Querem fazer do PMDB uma prostituta. Querem que o PMDB durma com os 40 ladrões do PT. Mas o PMDB não pode virar uma prostituta. O partido tem que ir para a cama com o povo brasileiro".

O ilustre primeiro-marido do Rio de Janeiro, infelizmente, não fornece nenhum indício do que deverá ser feito, estando a brava gente assim deitada e oferecida, com os pavilhões retofuriculares dos nossos auriverdes corpinhos.
Acho que já cansamos de saber. Com a graça de deus.

7.5.06

Hélène Grimaud


Alguns dentre meus dezessete e selecionados leitores já tiveram oportunidade de barbar-lhe em cima das louras e agilíssimas mãos, hélas, vendo-a no vídeo arrebatador da Ciaccona de Bach-Busoni.
Agora, em verdade, é necessário que vos diga.
Sua (dela) gravação da Kreisleriana, completada aos 17 encantadores aninhos (é o que mostra a capa do CD), é séria postulante ao mais alto posto no altar schumanniano - cujos santos maiores são, incontestes, Argerich, Horowitz e, vá lá, Richter.
A prise de son é tão boa que o ruído da haste do pedal direito chega a incomodar.
Hoje famosa, tendo aparecido até em programas do tipo Faustão-chic de canais franceses, nossa querida Hélèninha mora em Nova York e cria lobos, filantropicamente (ou será filupicamente?) em sua propriedade no Maine.

2.5.06

Há dez mil anos, numa galáxia muito distante...

...um professor de literatura da então maior universidade do país, durante uma aula de pós-graduação, afirmou que o maior escritor daquele século que tinha acabado de passar era "esquemático". Uma aluna, mal disfarçando seu terror, então perguntou-lhe se se referia apenas ao livro em questão ou a todos os outros do afamado poeta. A resposta, óbvia, incluiu no balaio da indigência mental do eminente propedeuta todas as milhares de páginas eternas que, por uma razão ou outra, foram com violência trancafiadas em interpretações redutoras e oportunistas, essas sim, "esquemáticas".

Moral: nunca confie em professores de literatura brasileira com língua presa.

1.5.06

V, E, R, D, I.

Admito, ele pode ser muitíssimo eficaz. Especialmente na Traviata . Desde que cantada por Angela Gheorghiu.
(Sérgio, que tal a Violetta?)