12.5.09

Menores (o modo) momentos (III)

Diego e sua namorada rondonopolitana (loura, filha de paranaenses) viajarão de carro (no dele, Nissan 2005) até a Chapada dos Guimarães.
Partem no próximo natal, quando finalmente conseguirão férias, Diego depois de quase 2 anos de "trampo sem parar", ela fechando o consultório dentário.
Diego nem esperou terminar a última prova de M. Sch na Formula 1, neste domingo, para mandar por e-mail uma confirmação da reserva da pousada em que passarão, ele e Roberta, o revéillon. "Chalés confortavelmente instalados numa exclusiva área de vegetação original, decorados com o melhor do artesanato indígena do Mato Grosso". Pensão completa, ceia, hidromassagem, champagne.

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Desde que comprou uma versão condensada do guia Larousse, Diego tem se dedicado ao aprendizado da misteriosa ciência dos Vinhos Importados, que lhe parece tanto mais estimulante quanto caros (até o máximo de 350 reais a garrafa, pois Diego participa da comunidade "Confraria do vinho barato" no orkut) e impronunciáveis os rótulos das garrafas.
Diego há tempos é amigo do dono do Emporio Santa Clara, o único estabelecimento que ainda vende bordeaux e boa mostarda de dijon , que ambos "adoram", na cidade (neste fim de ano, devido à crise geral do mercado de alimentação de suínos, negociado na Bolsa de Chicago, cerraram portas duas das três casas fornecedoras de bens de consumo não-durável e conspícuo de Rondonópolis. Chamavam-se Delikaten e Bistrô Bar & Store).
Paulo César é paulistano como Diego, palmeirense também, pai, sitiante amador e membro da diretoria do Clube de Diretores Lojistas. Ontem marcaram uma trilha de bike para o próximo domingo.
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Diego tem certas veleidades intelectuais. Assina VEJA; já leu cinco livros neste ano. Debaixo de ordem: O Monge e o Executivo; Quando Nietzsche Chorou; 1001 Meditações (sic);
Liderança e Visão - 25 Princípios Para Promover a Motivação; e o último, que não conseguiu compreender em absoluto, A Metamorfose. "Não consigo entender por que ele vira uma barata".
Há duas livrarias em Rondonópolis.

N. do B.: Diego reencarnou em lagarta da soja, soube de fonte segura, íntima do Além.

9.5.09

Die Perobagenheit


(Eckermann - Conversations of Goethe, v. 3, Londres, 1882)

3.5.09

Krishna neles

Os analistas sociológicos de Rosa linearizam (procedimento estatístico aqui tomado como bobo empobrecimento: classes oprimidas → libertação revolucionária, ou ainda mais tolamente, classes oprimidas → realismo socialista → libertação revolucionária (ou não), teleologia que apenas revela, pelo negativo, a influência das alegorias cristãs sobre as crenças dogmáticas da era moderna) as anfractuosidades estruturantes da composição, igualando-a ao pior da literatura “conformista”, ou mesmo “reacionária” (e assumindo que tais assombrações efetivamente existem).
Embora alguns desses cândidos autores até tangenciem o cerne do problema com exatidão e propriedade, são incapazes de penetrar (êpa!) a verdadeira dimensão geográfica dos livros do divino cordisburguense. Isso talvez porque se ocupem por muito tempo de leituras digressivas – e mesmo deslocadas (classe operária, Marques, Schwarctkz) do vero núcleo. Conquanto minuciosos, alguns "chatoboys" (Oswald dixit) chegam a desconhecer, atarefados com a mais-valia do comércio de gado, a orografia antiqüíssima do Sertão. Há neles pouca geologia – aspirationes terrarvm – e muito Adorno, o Caretão. Inventaram um modelito bacana para o Machado e vivem, locupletos, a machadar os demais, fustigando com rótulos pouco lisonjeiros os pobrescoitados que não se prestam à xuártica ferramenta.
Curioso constatar, de resto, como os materialistas históricos brazucas sempre exalam horror ao Signo, numa espécie de cegueira a tudo que lhes possa, ainda que tenuemente, cheirar a "formalismo", neoplatonismo, música e pintura, isto é, à visualidade da forma. Assim lhes escapa por entre os dedos o que acho que realmente importa nos poemas de Corpo de baile.
Amigo dos generais, sim, mas Goethe não participou dos exércitos da Reação ao lado de seu príncipe? Y qué?
Nunca leram, decerto, o Bhagavadgîtâ...