5.11.09

Alexei e gozei

"O problema foi a partir das décadas de 70 e 80, nas quais aparecem duas referências: a chamada poesia marginal - que não tem nada de marginal, foi muitas vezes subvencionada publicamente - e o mais nefasto de todos os movimentos, o lobby concretista, que criou uma falsa genealogia. Pega-se o romantismo inteiro, monstros absolutos como Gonçalves Dias ou Castro Alves, e os substituem por um poetastro completamente abominável como Sousândrade, que faz aquelas misturebas lingüísticas que existem desde a Grécia, passando por Rabelais, o barroco, os bestialógicos. Só tem novidade para quem é muito ignorante. Depois, chega-se no modernismo, que é aquela coisa com uma riqueza fabulosa, e é pinçado Oswald de Andrade, um poeta menor, um agitador cultural muito superior ao escritor. Elege-se um tradutor ilegível como Odorico Mendes, que fez da Eneida de Virgílio um telégrafo de maluco, e só a fabulosa atração por tudo o que é esquisito, aberratório, teratológico, para chamar a atenção e fazer quizumba, de ''seu'' Haroldo de Campos, pode explicar uma coisa dessas. O que é extraordinário é a quantidade de estudantes universitários, sobretudo em São Paulo - é sabido que os dois únicos lugares do mundo onde se leva o concretismo a sério são São Paulo e Hamburgo, na Alemanha - que cai nessa esparrela. Formou-se uma geração de idiotas que nunca leu nem Gonçalves Dias e perde tempo com Sousândrade."

N. do B.: Ben trovato, mas em minha quase supérflua defesa devo dizer que, "estudante universitário sobretudo em São Paulo", nunca perdi tempo com Gonçalves Dias, Sousândrade e Alexei Bueno.

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